quinta-feira, dezembro 22, 2005

Miracle on 34th Street

A agenda não compromete. Sábado eu me dedico à minha única contribuição na festança de natal: uma sobremesa não muito complicada, mas fina. Às 18 horas, do mesmo sábado, comilança na casa Shikida e 20 horas comilança na casa Pizarro. Domingo, almoço na tia Neuta Penido.
Os presentes estão comprados, o panetone da colega do prédio garantido, pronto.
Eu gosto de Natal assim, com a menor cara de Natal possível.

terça-feira, dezembro 20, 2005

Barfly

Meu Deus, o que será que me deu essa ressaca toda?
Será que foi a cerveja, o rum ou a vodka?


segunda-feira, dezembro 19, 2005

Os Excêntricos Tenenbaums

As coisas nunca acontecem como as imaginamos. As coisas são sempre diferentes.
Nem sempre piores, as vezes apenas diferentes.
Ou então, quando menos se espera, elas são melhores.
E aí, colega, é partir para o abraço e curtir.

Miragem Do Porto
Lenine & Marcos Suzano

Eu sou aquele navio no mar, sem rumo e sem dom
Tenho a miragem do porto pra reconfortar meu sono
E flutuar sobre as águas da maré do abandono

Ê lá no mar, eu vi uma maravilha
Vi o rosto de uma ilha numa noite de luar
Ê tal luar lumiou o meu navio
Quem vai lá pro mar bravio
Não sabe o que vai achar

E sou a ilha deserta, onde ninguém quer chegar
Lendo a rota das estrelas na imensidão do mar
Chorando por um navio ai ai ô ô
Que passou sem lhe avistar

Ê lá no mar, eu vi uma maravilha
Vi o rosto de uma ilha numa noite de luar
Ê tal luar lumiou o meu navio
Quem vai lá pro mar bravio
Não sabe o que vai achar (2x)

tum tum tum ti ti pá tu tum tum...

sexta-feira, dezembro 16, 2005

Stranger Than Paradise

Hoje fazem 10 anos que eu namoro o Kenji

Poesia

Gastei uma hora pensando em um verso
que a pena não quer escrever.
No entanto ele está cá dentro
inquieto, vivo.
Ele está cá dentro
e não quer sair.
Mas a poesia deste momento
inunda minha vida inteira.

Carlos Drumond de Andrade

quinta-feira, dezembro 15, 2005

A primeira noite de um homem

Bom, como ninguém vem mesmo aqui e se alguém vem é muito próximo, divulgo:

Dia 18/12 - domingo - a partir das 16 horas - na Serraria Souza Pinto

Eu estarei entre os pandeiristas em uma apresentação de fim de ano da galera do Tambor Mineiro.
Estarão lá: Mauricio Tizumba, Tambolelê e os convidados:
Chico César (sim, aquele do matinho na cabeça) Marina Machado, Paula Santoro e Amaranto.
Ingresso: parece que vai ser R$ 10,00 mais uma Kg de alimento não perecível

Se você animar, estarei lá. :-)

segunda-feira, outubro 10, 2005

A dupla vida de Veronique
Ou simplesmente
Paráfrase


Estou aqui me devendo escrever nesse blog. Nunca escrevo, mesmo com tantos assuntos saltitando aos meus olhos. O país, o trabalho, a análise, as armas de fogo, as relações humanas, o resto do mundo, a simulação dos prazeres, os valores obsoletos, a depreciação dos sentimentos, a opressão ao beijo, os amigos. Hoje eu encontrei a Patrícia Valle, amiga de velhos e bons tempos.

Mesmo assim o blog continua aqui, solitário.

Talvez a vida seja aquilo que acontece entre um post e outro.

quinta-feira, setembro 29, 2005

Mon Trésor

Sanguinho Novo
Arnaldo Baptista
(versão: Akira S e as Garotas que Erraram)

Se você curtir minha música eu posso curtir você
Então bata palmas e reze pra não acabar
Teu beijo de baton, manequim, é meu mel
Você tem todo um balanço nesse seu sanguinho novo
Pois deixe cair
Não parta o coração
Largue suas armas e take it easy
& deixe a energia fluir
É nadar na eletricidade, twist na cidade
Deixe o grande irmão se afogar na pia
Batom nele ? se é que você me entende
Você curte, hey garota chegue mais
Derreta o coração ao sol
Quero sanguinho novo (uá uá)
Sanguinho novo
(nánáná....)


sexta-feira, setembro 16, 2005

Alta Fidelidade

Estava lendo não sei onde sobre música romântica e como ela é subjetiva. Depois eu sonhei (essa noite) com o Let's get it on do Marvin Gaye. Então eu decidi fazer uma coisa que eu nunca fiz até porque eu sei que vicia: meu top 5 de músicas românticas. Perigo isso, não?

5 Charlotte - Young Gods
4 Rainy Rainy Day - Brownie McGhee
3 Soul On Fire - Laverne Baker
2 Universally Speaking - Red Hot Chili Peppers
1 Let's Get It On - Marvin Gaye

quarta-feira, agosto 24, 2005

Encontro Marcado

Saldo do Salão do Livro:

Dois livros da Margarida Kunsch, para provar que eu sou uma moça séria e não compro só bobagem.

O terceiro volume de Memórias do Fogo: Século do Vento Eduardo Galeano, com o qual fui presenteada e fiquei duplamente feliz.

Ao Homem que não me quis, obra mais recente da Ivana Arruda Leite (link ali, ó) que eu não canso mais de ler e procurar livros para comprar e babar ovo. Mulher porreta.

São Cristóvão

Eu sozinha nesse bar, um pires de azeitona à minha frente e uma cerveja quente pela metade. Largada nesse canto da vida é difícil acreditar que o Rodrigo Santoro vai passar por aqui e se apaixonar por mim. Mas vai.


Ivana, em Ao homem que não me quis

quarta-feira, agosto 17, 2005

Patch Adams

Algumas vezes eu me sinto uma palhaça tomando remédio.
Atualmente é o tal do antibiótico. Eu realmente o detesto.
Ele é amarelo, foi caro pra cacete, difícil de engolir, não me permite beber coisas alcoólicas, e o pior de tudo: me deixa com um gosto amargo de remédio na boca o dia inteiro. Eu acabei de escovar os dentes e está lá, aquele gosto insuportável de coisa doente.
Meu antibiótico é o chefe que eu não tenho.
É a resignação que eu não tenho.
É o freio que eu não preciso.
É um castrador social.
É uma dose extra de realidade.
É a representação diária, em pílula, que eu sou muito mais susceptível do que gostaria.


Raios duplos.

segunda-feira, agosto 08, 2005

Como água para chocolate

Dentro do universo gastronômico tem uma composição que acho fantástica:
o molho de mel com mostarda.

Além de versátil, já que cai bem, de salada verde a carne de porco, ele tem a magnífica propriedade de manter plenos os sabores de seus dois elementos. Quer dizer, o picante da mostarda está tão presente quanto o dulçor do mel. Mesmo independentes, eles se completam. O mel suaviza o azedume da mostarda, que em contrapartida, apimenta a delicadeza do mel. Sem desmerecer as propriedades de dois condimentos tão nobres e saudáveis, o fato é, que juntos, ficam muito melhor que sozinhos.

Não se trata, evidentemente, de um molho ordinário, encontrável em qualquer boteco. Restringe-se a alta culinária, aos sábios chefes de cozinha que sabem reconhecer o seu ponto exato e o utilizam para dar a qualquer prato, arroz com ovo, pão com manteiga, alface com tomate, um ar bastante sofisticado. Com esse molho, tem-se o prazer de transformar estas refeições diárias, corriqueiras, algumas vezes até insossas, numa experiência agradavelmente única, um jantar à luz de velas, uma breve orgia gastronômica.

Aqueles que degustam essa improvável união, já que tanto ela, mostarda, com ele, mel, são ingredientes fortes, com sabores peculiares e utilidades diversas, percebem que nem sempre é necessário abrir mão daquilo que é intrínseco a cada elemento para o surgimento de uma mistura perfeita. Algumas vezes, raras vezes, é mais gostoso assim, unir sem perder, e para não perder, ambas as unidades. Muito provavelmente, essa característica seja essencial para que nos deleitemos, todos os dias, se possível todas as horas, por anos a fio, sem nem pensar em enfastiarmo-nos, e cada vez mais apaixonados, pela mesma e saborosa união.

Feliz Aniversário.

quarta-feira, agosto 03, 2005

segunda-feira, julho 25, 2005

Papai Ganso

O fim de semana foi recheado pela visita do meu pai.
Dois dias inteiros de fofocas familiares, análises políticas, papos filosóficos, cerveja e sinuca.

Para ele, coloco um trecho do seu poema preferido, Navio Negreiro, de Castro Alves. Aliás, essas duas últimas estrofes do poema, de certa forma, refletem muito do que conversamos esses dias. Os atores e a situação mudaram, mas, infelizmente, a indignação e a bandeira continuam as mesmas. O que é assustador.

Existe um povo que a bandeira empresta
P'ra cobrir tanta infâmia e cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! meu Deus! mas que bandeira é esta,
Que impudente na gávea tripudia?
Silêncio. Musa... chora, e chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu pranto!...
Auriverde pendão de minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e balança,
Estandarte que a luz do sol encerra
E as promessas divinas da esperança...
Tu que, da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de mortalha!...

Fatalidade atroz que a mente esmaga!
Extingue nesta hora o brigue imundo
O trilho que Colombo abriu nas vagas,
Como um íris no pélago profundo!
Mas é infâmia demais! ... Da etérea plaga
Levantai-vos, heróis do Novo Mundo!
Andrada! arranca esse pendão dos ares!
Colombo! fecha a porta dos teus mares!


São Paulo, 18 de abril de 1869.
(O Poeta, nascido em 14.03.1847,
tinha apenas 22 anos de idade)

Leia o poema completo, disponível no Jornal de Poesia, link ao lado.

quinta-feira, julho 21, 2005

Réquiem para um sonho

Como eu não consigo publicar nada nos comentários do meu próprio blog, respondo ao dr. Omni aqui mesmo:
Omni, coisa de sonho. O quadro era grande, como de um colégio, ocupando toda uma parede e a Zul era exatamente do tamanho dela mesmo. Uma das questões do sonho era exatamente se eu conseguiria entender a letra da Zul. Mas entre os rabiscos que ela fez no quadro era possível ler um 'não'. Psicanalítico isso...

Tive uma idéia brilhante. Vou vender camisetas com uma montagem: a imagem do Che Guevara, com boina de estrelinha e tudo mais, mas o rosto do Saddam Hussein. Vai vender horrores!


pena que eu não tenho os conhecimentos photoshopísticos para tacar a cara do Saddam aí no meio. Ficaria ótimo.

segunda-feira, julho 18, 2005

Festa de família

Como era de se imaginar a Soap Party foi ótima. Marcila Camèlo está de parabéns pelo mega evento e pelos aniversários.

Existe uma possibilidade do senhor meu pai vir nos visitar no próximo fim de semana e ainda trazer o Pedrinho, meu irmão caçula. Eu só acredito vendo.

Sonhei que a Zul (minha gata preta) escrevia alguma coisa em um quadro negro. O objetivo era se fazer entender. Como ela não fala, resolveu escrever. Talvez Freud explique. Talvez não.

segunda-feira, julho 11, 2005

Party Monster

Amigos leitores desse blog:
Para lavar a alma, estejam convidados:

SOAP PARTY
Dia 15.07, sexta-feira - 22h
Showtime - Av. do Contorno, 3849
DJs Barbado, Crowbar, Gota e Marckye
Pocket Show Lady Catuaba
R$ 10,00



Aviso de antemão: Eu vou! E será muito bom!

terça-feira, julho 05, 2005

Psicose

Aí eu até sonhei com a música Every you Every me do Placebo, vocês acreditam??
(No sonho quem cantava era uma versão não tão loura da Dido e a música estava meio folk melosa)

Sucker love is heaven sent
You pucker up, our passion's spent
My heart's a tart, your body's rent
My body's broken, yours is spent
Carve your name into my arm
Instead of stressed i lie here charmed
'Cuz ther's nothing else to do
Every me and every you
Sucker love, a box i choose
No other box i choose to use
Another love i would abuse
No circumstances could excuse
In the shape of things to come
Too much poison come undone
Chorus: 'Cuz there's nothing else to do
Every me and every you
Every me and every you
Every me... he

Sucker love is known to swing
Prone to cling and waste these things
Pucker up for heaven sake
There's never been so much at stake
I serve my head up on a plate
It's only comfort,calling late

'Cuz there's nothing else to do
Every me and every you
Every me and every you
Every me...he
Every me and every you
Every me...he

Like the naked leads the blind
I know i'm selfish,i'm unkind
Sucker love i always find
Someone to bruise and leave behind
All alone in space and time
There's nothing here but what here's mine
Something borrowed,something blue

Every me and every you
Every me ...he
4x



Essa é a Dido. A Sandra, namorada do Zeferino, é a cara dela.

quinta-feira, junho 30, 2005

Uma babá quase perfeita

Depois de tanto tempo, cá estou novamente oferecendo meus sonhos estranhos com situações esquisitas. Essa noite minha vítima foi o dr. Omni diga-se de passagem, o melhor cat sitter que as minhas gatas poderiam ter.

No sonho, estávamos eu e o Kenji indo ao novo apartamento do Lúcio. Mesmo sendo um apartamento, ficava no final de uma longa estrada de terra, no meio do nada, como se fosse uma chácara afastada.

Chegamos e entramos no apartamento que era, inclusive, muito parecido com as primeiras fotos que o Omni postou no blog dele, quando as paredes ainda eram brancas. Estávamos lá para cuidar dos 10 gatos que moram com o Lúcio, porque ele estava viajando.

Para nos explicar como cuidar dos gatos, o Omni havia produzido uma fita de vídeo.
Na gravação tinha a imagem do Lúcio dizendo assim:
- Oi, eu sou o Omni, eu moro aqui e tenho 10 gatos.
Na seqüência do vídeo aparecia uma imagem dos gatinhos andando pelo apartamento, ilustrando a fala dele.
Eu assistia e pensava:
- Gente, que maluquice é essa do Omni de gravar vídeo... Gravar vídeo não é coisa de gente normal...


Vocês acreditam que isso existe? Quero esse livro pra mim.

segunda-feira, junho 27, 2005

Alta Fidelidade

Viu neném, mamãe não prometeu?

Aí estão, novos links!
Atualizados,
Vitaminados,
Visitados diariamente.
Não deixem de conferir, ali ao lado!

sexta-feira, junho 24, 2005

A Roda da Fortuna

Lembrei que uma cena hilária:
O Murilo meio bêbado falando comigo e com o Kenji, num churrasco:
- Vocês não estão vendo? Não estão vendo os fantasmas? Estamos todos aqui, todo mundo namorando...

Pausa 1: Isso já tem pelo menos 5 anos, mas realmente, 99% dos casais presentes a esse churrasco casaram, juntaram, ou continuam se enrolando mutuamente.

Voltando:
- Vocês não conseguem ver os fantasmas que rondam esse lugar?
Nós:
- Fantasmas?
- Os fantasmas dos nossos filhos! Vocês não enxergam que em alguns anos nós vamos nos casar, vamos procriar e os churrascos ficarão lotados de crianças correndo? Olha lá, olha os fantasminhas correndo em volta da mesa!
Aí a Ludmila abriu o bueiro e começou a chorar

Pausa 2: Sim pessoas, eu também choro. Nessa época da minha vida, então, se alguém fizesse Bú pra mim eu abria a boca e chorava dias.


Evidentemente, o Murilo ficou todo sem graça e dizia assim:
- Calma Lud, também não é assim, sem contar que isso ainda vai levar aaaaaanos para acontecer.

Pausa 3: É, demorou. Uns cinco anos mais ou menos.

E até hoje acho que uma pergunta que as três pessoas envolvidas nessa conversa se fazem é por que, raios, eu chorei tanto.
Acho que foi única e exclusivamente porque era verdade. Não que fosse uma verdade ruim, ou assustadora. Apenas tratava-se de uma verdade tão escancaradamente óbvia, que se tornava quase palpável, como fantasmas. O Murilo bêbado (vejam vocês..) criou uma imagem tão certeira que me tocou, e por isso eu chorei.

Lembrei-me disso tudo porque hoje, 24 de junho, dia de São João e do aniversário da minha mãe, nasceu a Carolina, filha da Ju e do Shuruda (Juliana e Gustavo). Outros nenéns nasceram depois dessa conversa, mas talvez a Carolina seja a concretização mais perfeita dos nossos fantasminhas, uma vez que sem Murilo e Cíntia, provavelmente não existiria Ju e Shuruda e conseqüentemente, nada de Carolina. Sem contar que estávamos, todos, nesse mesmo churrasco.

Isso me lembra que há 61 anos atrás nascia a minha mãe e que sem ela não existiria Lud, que proporcionou, para o bem ou para o mal, muitos encontros e desencontros.

Também me lembra que amanhã a minha irmã Luana, que está no alto dos seus 11 anos e acredita que já decifrou o mundo e agora resta apenas devorá-lo, vai estrear no teatro, primeiro passo de um tortuoso caminho para quem deseja ser atriz.

Isso tudo junto me leva a refletir sobre a grande roda que é o mundo (que não é redondo à toa) e o nosso papel em fazer as coisas acontecerem, mudarem, voltarem acontecer um pouco diferentes, cruzar caminhos e proporcionar, inclusive, o surgimento de novas criaturinhas que até outro dia não passavam de fantasmas.

Para que toda essa reflexão? Para nada. Ela surgiu, na verdade, do meu desejo profundo de dizer:
Parabéns mãe, pelo seu aniversário e por tudo que você já me proporcionou, o que é muito, diria tudo, se é que você me entende.
Parabéns Luba*, pela estréia e pela energia de quem ainda vai proporcionar muito, pra muita gente.
Parabéns Ju e Shuruda, por fazer a roda girar.
Parabéns Carolina, por não ser mais uma promessa e seja muito bem-vinda.

*esse é o apelido 'jovem' da minha irmã Luana.

quarta-feira, junho 22, 2005

Star Wars III - A vingança dos Sith

Todo mundo já viu, todo mundo já comentou, mas não consigo apagar as muitas dúvidas existenciais que me perseguem desde que eu o assisti:

De onde o George Lucas tirou que é um bom diretor?

Como uma mente capaz de criar uma história tão interessante, um universo paralelo que encanta o planeta inteiro, obriga bons atores* passarem por aquele mico cinematográfico?
* Sim, porque pelo menos a Natalie Portman, o Ewan Mcgregor e o Samuel L Jackson já provaram em outras oportunidades que são bons atores

Como gastar uma fortuna em efeitos especiais e não conseguir uma barriga de grávida falsa convincente?

Para que preocupar-se tanto em manter a coerência com o episódio IV se, dentro do filme, não há coerência nenhuma?

Por que o Anaquin Skywalker tem um cabelo tão feio e ensebado?

Será que o George Lucas nunca leu nenhum daqueles livros bacanas, escritos após a primeira-segunda trilogia, que aprofundam a visão do Darth Vader e o consideram um monstro burocrata, o vilão que utiliza a violência de forma técnica, profissional e por isso perde a sua humanidade?

Se leu, porque não utilizou? Por que fez um Darth Vader tão superficial?

Por que gastei meu rico dinheirinho assistindo Star Wars?

Ah, essa eu sei responder! Porque se eu não assistisse, não poderia ter tantas dúvidas. Se eu não tivesse tantas dúvidas o que eu faria na mesa de buteco? De que vale uma mesa de buteco se você não tem questionamentos pertinentes para fazer a si mesmo?


Haja força para segurar esse filme

segunda-feira, junho 20, 2005

Batman Begins

A cena:
O Coringa no telhado de um Prédio e o Batman no telhado do prédio ao lado com uma lanterna. O Batman propõe ao Coringa:
Vou acender a lanterna e você atravessa pelo feixe de luz.
Você acha que eu sou louco? Responde o Coringa.
Por quê? Pergunta o Batman
Porque você pode desligar a lanterna a hora que quiser.

Não, essa cena não está no Batman Begins. É de um quadrinho que eu li há séculos, Piada Mortal (como bem lembrou o Kenji).
Acontece que depois de ver Batman Begins esse quadrinho não saiu mais da minha cabeça. Porque ele, para mim, é a essência do Batman, a explicação de porquê eu gosto do homem morcego. O Batman é o dark side, a raiva, o medo, a dúvida, a angústia, a vingança, a loucura, tudo aquilo que só nos atrapalha e não dá certo na vida real, transformado em herói-vingador que luta pelo bem e pela justiça e derrota as forças do mal. Se o Batman vinga alguma coisa, é a nossa insatisfação com a imperfeição humana. Ele redime todos nós que estamos muito longe de sermos perfeitos e ainda usamos nossos defeitos como motivação.

Batman Begins respeita tudo isso. Finalmente, um filme que considera o que o Batman é, para quem o leu. Poço, pérolas, Arkam, retratos, revólveres, está tudo lá, no lugar certinho (se você não entendeu o que eu quis dizer, você não leu os quadrinhos certos). Diretor e atores à altura: Gary Oldman, Christian Bale, Michael Caine, Liam Neeson, Morgan Freeman, até o Rutger Hauer, estão todos excelentes.

A mesma importância que O Cavaleiro das Trevas do Frank Miller teve ao reinventar o Batman nos quadrinhos, terá Batman Begins por levar ao cinema, com honestidade e competência, o universo, a estética e as implicações que povoam a cabeça dos batmaníacos.

quinta-feira, junho 16, 2005

O maior espetáculo da terra

Falando em Brasília....
Que tristeza, hein? Em que nível chegamos? A postura, a linguagem, os trejeitos, a interpretação, tudo tão típico de bandido, aquele ar de cafa... que tristeza... deputado federal, pôxa, podia ter ao menos decência, compostura...

Eu me sinto responsável, sabe? Eu olho e penso: como nós deixamos chegar onde chegou? Como eu deixei? Será que pra mudar tem que ser na base da revolução mesmo? Será que não é possível realizar melhorias reais, profundas, nesse país utilizando as próprias instituições democráticas e melhorá-las? Será que o único caminho possível é a ruptura completa? Eu olho para o Congresso Nacional, eleito pelo mesmo povo que elegeu o Lula, e essas dúvidas surgem....


A pinta da figura. Não é um energúmeno??

terça-feira, junho 14, 2005

Mamãe é de Morte

Querido blog,

Sei que não tenho sido muito assídua e isso o deixa magoado. Não tiro sua razão. Muitas vezes a correria, as falsas prioridades, não permitem que nos dediquemos ao que realmente importa.
Mas ainda é possível salvar nossa relação, eu quero acreditar nisso! Não vamos esquecer todos os nossos momentos, dos mais bonitos aos mais difíceis, a cumplicidade, os sonhos compartilhados.
De hoje em diante, eu prometo, terei novidades pelo menos a cada dois dias, divulgarei para os amigos que reatamos, atualizarei os links e colocarei novos. Nós voltaremos a ter comentários, eu prometo a você!
Então enxugue suas lágrimas e sorria para a mamãe.

Com amor,

Lud


quarta-feira, maio 11, 2005

Dogville

Leiam! Leiam! Leiam!

Uma cúpula irrelevante?

Se não pelo conteúdo, excelente na minha opinião, porém não necessariamente na sua, pelo menos pela possibilidade de conhecer, uma única vez, tão rara, tão escassa, opinião contrastante a unanimidade da mídia brasileira.

Aliás, as unanimidades nunca, na história do mundo, foram tão burras como são hoje.

sexta-feira, maio 06, 2005

Orlando

Às vezes o tempo engana.

A velocidade é tanta que aguardar algumas horas, qualquer coisa, é insuportável. O mês já passou, mas não chega a porra do dia 6, o cabelo não cresce, o remédio não acaba, não tem pão fresquinho. Fresquinho, daqui a 5 minutos? Ah, vai pra puta que...

Aí não tem blog, não tem cerveja, não tem papo jogado fora, não tem à toa.
Do que vale uma festa se não discorremos sobre ela?

quarta-feira, abril 06, 2005

Hero

Lindíssimo filme de Kung Fu.
Ouvi várias pessoas comentando que o filme era maravilhoso esteticamente mas não sabiam se haviam gostado ou não. Acho que é por causa da estrutura narrativa, muito oriental. Sabe o que me pareceu? Um daqueles filmes de Kung Fu super tradicionais que passam na Band terça à noite, só que com uma produção riquíssima.
Bom, eu gosto dos filmes de Kung Fu que passam na Band. Eu gosto de ver o Jet Li fazendo papel de herói inverossímil e sem fala. Ele fez isso a vida inteira, oras!
Depois de O Tigre e o Dragão e Kill Bill, finalmente foi possível realizar um filme que incorpora de vez a estética e a narrativa chinesas de filmes de Kung Fu. O tigre e o Dragão ainda traz referências, quer dizer, ainda explica muita coisa para que o público ocidental não fiquem completamente perdido, sem noção de o que está acontecendo.
Herói não, ele é um tradicional filme chinês de Kung Fu do início ao fim, sem concessões.
Aí vem tanto chororô, diálogos inacreditáveis (para um ocidental), aquelas regras absurdas (para um ocidental) de honra que definem quem tem que lutar com quem ou matar quem ou morrer e porquê. E os nomes? E a falta deles? A música, a caligrafia, o soberano decifrando o enigma-do-ideograma-espada, tudo isso é muito filme chinês de Kung Fu que passa na Band! Uma mistura de filme de ação, com filosofia de pastelzinho da sorte, pitadas de budismo e uma história que, pelo menos para nós, que nascemos do lado de cá do planeta, não faz muito sentido. Pense bem, como é possível não achar essa miscelânea divertida?!
Agora quero ver o Clã das Adagas Voadoras para me certificar que filmes chineses de Kung Fu com grandes orçamentos estão na moda e irão nos divertir por algumas temporadas. Eu vou ver todos.


meu personagem preferido foi o moço ali da direita

terça-feira, março 29, 2005

Laços de Família

Por essas coisas da vida, ontem eu estava com o atestado de óbito da minha avó paterna, Dona Josepha. Descobri, então, que tive um bisavô chamado Cornélio Alves de Oliveira e que minha bisavó chamava-se Balbina Pereira da Silva, tadinha.
Dona Josepha morreu de um AVC (acidente vascular cerebral) hemorrágico causado por arterioesclerose e hipertensão, em casa, no dia dois de março, há quase trinta anos atrás. Era diabética, assim como é meu pai hoje.
A avozinha deixou seu segundo marido, o vô Clementino, mas quando morreu já era viúva do verdadeiro pai do meu pai. Seu nome era José Alves Silva. José Alves Silva. Existe nome mais genérico do que José Alves Silva? Tem sim, o nome de solteira da minha avó materna: Maria José da Silva.
Dona Josepha, Seu Cornélio, Dona Balbina, Seu Quelé, Dona Maria ou Dona Zezé, Seu Zé.
Minha ascendência é o povo brasileiro.


Foto de Sebastião Salgado

quinta-feira, março 24, 2005

Reds

"tudo o que nasce traz dentro de si o germe de sua própria destruição"

A dialética citação foi retirada do artigo Anacondas Municipais - Vitória das forças populares de Mylton Severiano publicado na revista Caros Amigos.

quinta-feira, março 17, 2005

Constantine

Eu não diria que o filme é ruim, mas bom ele também não é.

O ritmo e o suspense são bons, eu senti mêda (como diz o dr. Omni) mas eu sinto mêda fácil. Também é legal como o filme trabalha nossos medos infantis incutidos pela igreja católica do tipo: não faça isso porque Deus castiga ou você vai para o inferno se tentar aquilo.

De resto, sobra um amontoado de clichês vindos de um amontoado de outros filmes do gênero ação/terror/ficção. Eu poderia descrever exatamente as cenas "inspiradas" em outros filmes, mas perderia a graça para quem ainda não assistiu.

Vou, portanto, apenas citar os filmes dos quais, em algum momento, me lembrei durante a sessão de Constantine:

Matrix - essa referência é óbvia, então posso comentar. Não agüento mais ver Keanu Reeves no papel de o-último-serenata-de-amor-da-caixa-de-bombons-Garoto, ou de a-última-esperança-da-humanidade, ou de o-último-cigarro-do-último-maço-da-ilha-deserta, sabe como?

Além dele, o filme lembra em alguns momentos:
O Grito (mas O chamado também serve);
X-Men;
Alien;
Anjos Rebeldes;
A Múmia (e dessa vez não é por causa da mocinha)
Advogado do Diabo.

Essas são referências diretas, sem contar, é claro, os chavões genéricos: padres, estudiosos religiosos, profecias, textos em sânscrito, blá, blá, blá...

Mudo completamente de assunto para fazer uma pergunta, aos meus amigos que fumam, de cunho filosófico-butequístico ainda influenciada pelo Jim Jarmush:

Você fumaria o último-cigarro-do-último-maço-da-ilha-deserta??

quarta-feira, março 16, 2005

The Majestic

Coffee and Cigarrettes
Excelente! Melhor ainda para quem já conhece o estilo e o humor do Jim Jarmush. Aliás o filme é fidelíssimo ao seu estilo. Muito provavelmente porque ele se sentiu mais à vontade na hora de filmar os curtas. São 11 historinhas. A última é linda. Por que esses diretores sempre deixam o melhor para o final?

Barravento
Finalmente assisti o primeiro longa do Glauber Rocha. Lembra um documentário antropológico. Nos primeiros 10 minutos de filme tem roda de samba ancestral (com direito até a umbigadas) luta de capoeira e candomblé.
A história é interessante e já são bem perceptíveis as maluquices do Glauber, mesmo sendo esse um filme mais careta, por exemplo, que Cabeças Cortadas ou A idade da Terra. Eu não acho isso necessariamente ruim, nem bom. Gosto do Glauber do qualquer jeito, mais ou menos comedido, não importa.
Destaque para o personagem Firmino, vivido pelo Antônio Pitanga novinho e muito bonito. Firmino auto-intitula-se um "agente subversivo". O detalhe é que se trata de uma vila de pescadores, onde todo mundo é paupérrimo e, como o mesmo personagem diz, "analfabeto". De onde que o Firmino tirou o agente subversivo dele é que eu não sei. Quer dizer, sei: são as maluquices do Glauber.


cena de Barravento

segunda-feira, março 14, 2005

O pagador de promessa

Filmes que quero assistir em breve e pretendo comentar nesse blog:

Coffee and Cigarettes - Jim Jarmush.
Imperdível. Eu e Kenji devemos assistir ainda hoje. Eu só não sei se é um bom filme para assistir depois de 20 dias sem cigarro....sinta a força em você, Ludmila-san...

Constantine
Não é só porque eu gosto de heróis de revistas em quadrinhos. Mas também.
Não é só porque tem o Keanu Reeves. Mas também.
Não é só porque de vez em quando eu quero assistir a um filme que não use toda minha capacidade intelectual. Mas também.

Hora de voltar
Parece que infelizmente não estreou na minha roceira Belo Horizonte. Verei assim que sair.
Eu não daria um centavo por aquele rapaz da série Scrubs da Sony, ator-diretor-roteirista do filme, mas o Max indicou e as aparências enganam (na maioria das vezes, felizmente).

Acho que Sideways e Em Busca da Terra do Nunca ficaram para o DVD....


um dos curtas que compõem o "coffee and cigarttes" do Jarmush. Esse inclusive eu vi, na sala Humberto Mauro.

quarta-feira, março 09, 2005

Marnie, Confissões de Uma Ladra

Na minha adolescência, quando estava descobrindo poemas e poetas, confundia o Dalton Trevisan com o Lauro Trevisan.

Sim, eu tenho muita vergonha de assumir isso assim, em público, mas é verdade.

Depois de um tempo, até pelas críticas, descobri que eram duas pessoas diferentes, mas já estava naquela fase de hum... um dia compro um livro do Dalton pra conhecer... mas sempre voltava para casa com um Drumond ou Quintana básicos. Puro medo de arriscar.

Semana passada finalmente, li um livreto do Dalton Trevisan. Que porrada eu levei. Primeiro porque eu me toquei que nunca havia lido antes. Sofri. Trinta e um anos nas costas, vividos sem Dalton Trevisan, sem a sua síntese. Um homem e uma poesia, sintéticos. Segundo porque é impossível lê-lo sem tomar muita porrada. Porrada mesmo, física, quase jorrou sangue do meu supercílio no quinto poemeto de quatro linhas.

Assustada, a velha pula da cadeira, se debruça na cama:
- João. Fale comigo, João.
Geme fundo, abre o olhinho vazio, um palavrão:
- Bruuuxa... Diaaaba...
- Ai, que susto. Graças à Deus.

Tristeza é ver florindo o vasinho de violeta no quarto da filha morta.


Mais uma vez por acaso, rebugenta pelo dia internacional da mulher, que eu acho uma boçalidade sem tamanho, me deparo no site paralelos.org
com um mulher chamada Ivana Arruda Leite que escreve textos maravilhosos e que eu nunca tinha ouvido falar. Li tudo que eu encontrei na internet dela, no blog, num outro site literário, se encontrar mais eu leio e vou comprar os livros. Vejam isso:

A CAIXA VAZIA

Afogados neste aquário, Ofélia e eu andamos de um lado pro outro entre bibelôs, panelas, artigos de limpeza, calcinha pendurada no box. O que é o casamento senão uma caixa vazia com tudo dentro?
Na churrasqueira, um marido girando no espeto enquanto a mulher vai ao forno com tomate na boca. Por sorte mantiveram-me a certa distância da brasa. Ofélia fica linda com esta peruca de fios de ovos.
- Me empresta seus óculos - ela pede ? minha vista tem piorado muito nos últimos tempos. Quando subir me leve um copo d?água, mas não acenda a luz, por favor.
Vinte anos tentando achar o pijama no escuro.
- Trouxe a água?
Quando eu me deitar, a Princesa ganirá. A cadela insiste em deitar no meu lugar. Tento me encaixar sem esmagar suas frágeis patinhas.
A mesa de jantar foi presente de um tio.
- Entre as cabeceiras haverá um monte de filhos ? profetizou.
O mais velho apareceu-me embrulhado num cobertor:
- É um menino!
A segunda passou anos martelando no piano a mesma lição, até que trocou o instrumento por uma bicicleta. De vez em quando me liga a cobrar dos Estados Unidos.
O terceiro nasceu doentinho. Nem eu nem Ofélia tivemos coragem de jogá-lo escada a baixo. Hoje está ai, de barba na cara, querendo casar.
Os prepúcios que enterramos no jardim viraram árvores frondosas. Uma nuvem de mariposas circunda o pau dos meus meninos. Algum dinheiro sempre some da minha carteira, mas nada que os desabone. Na mesa da cozinha tem sempre um fazendo o dever de casa: ca co cu. Para que tanto filho, meu Deus?
No púbis das meninas, uma penugem rala ao redor da rosa cor de sangue. Como sangram essas meninas!
- Não mexa no botão da rosa.
Com dedos engordurados, desmancho o frango pelas juntas. Deus também desfaria a criação se previsse o resultado.
- Quando subir não esqueça de me trazer um copo d?água. Quando descer apague a luz. Quando sair bata a porta. Quando entrar limpe os pés. Quando arrotar peça desculpas. Quando mijar levante a tampa da privada. Quando trepar goze. Quando gozar, gema, bem molinha pra comer com pão.
Abro a porta da garagem e tiro o carro em ponto morto. Se Ofélia acordar, vai querer saber aonde estou indo. Eu lhe direi que vou devolver o filme à locadora. Duvido que ela entenda a metáfora. Amanhã me encontram numa rua deserta com uma bala na cabeça. Estou levando os meus óculos. Sem eles, Ofélia não lerá uma palavra do bilhete que deixei sobre o criado-mudo.


Moral da história: não devemos nos acomodar com nossos poetas preferidos. Não podemos nos transformar em velhos sisudos e rabugentos que ficam relendo livros e autores e dizendo no-meu-tempo-era-melhor. A vida pode ser uma porcaria, mas há poetas. Isso não podemos negar. Aí está a Ivana que não me deixa mentir.



esse eu quero comprar

sexta-feira, março 04, 2005

A última sessão de cinema

Os filmes que ganhariam o Oscar 2005 de melhor filme, se eu fosse Deus e matasse todos os membros da Academia:

Código 46
Excelente ficção científica, de uma sutileza estarrecedora e pior: verossímil. A mais inteligente versão de 1984 (sim, esse filme é uma adaptação de 1984, não duvide). Atores excelentes. Imperdível. Uma pena que poucas pessoas tenham reparado nesse filme.

Mar Adentro
Pelo amor de Deus, não comparem esse filme com Menina de Ouro. Não estou tirando o mérito do grande vencedor do Oscar 2005 com os membros da Academia vivos, mas vejam bem, são duas coisas completamente diferentes. Menina de Ouro conta competentemente uma história. Mar Adentro é um filme poético. Os mais belos momentos de Mar Adentro são aqueles que o filme, o ator, a narrativa ultrapassam a condição de tetraplégico entrevado querendo morrer e mostram como aquele ser humano é capaz, complexo, sensível, inteligente, assim como os seres humanos costumam (ou deveriam) ser. Eu comecei a chorar na cena do vôo e só parei 30 minutos depois que o filme já tinha acabado. Impossível não mencionar: O Javier Bardem é estupendo. Lindo, lindo, lindo e um ator competentíssimo. Sonho de consumo.

Closer
Valeu a pena esperar. Como valeu. Mike Nichols demorou décadas para voltar a filmar, mas filmou com maestria. Perfeito. Diálogos perfeitos, atores perfeitos. O filme tem quatro atores. Só, exclusivamente, quatro rostos o filme inteiro e quando acaba você pede mais. Quatro personagens-protótipos e nenhum, em nenhum momento, caricatural. Não quero ser repetitiva, então vou falar só mais uma vez: perfeito. Dica: se você é mulher e mora em BH, destaque para o personagem de Jude Law. Você reconhecerá facilmente os traços da intrigante personalidade do nosso mais comum tipinho masculino que lotam nossas ruas, barzinhos e boates. Risível.


Olha isso...

sexta-feira, fevereiro 04, 2005

Que viva México!

Finalmente terminei o segundo volume do livro Memórias de Fogo - As Caras e as Máscaras de Eduardo Galeano. Não vou negar que fui obrigada a parar em determinada altura da leitura simplesmente porque não agüentava tanto sofrimento, tanta injustiça.

Gostaria de deixar claro, entretanto, que se trata de um livro belíssimo. Parece que o Mário Quintana incorporou o espírito do Florestan Fernandes e escreveu o livro. Quer dizer, Eduardo Galeano é acima de tudo um poeta, enriquecido com muito conhecimento histórico e uma pesquisa impecável. Cada historieta/poema traz a referência dos documentos pesquisados.

Recomendo para fortes e irresignáveis.



Galeano: poeta inconformado


terça-feira, janeiro 25, 2005

Jornada nas Estrelas: Dívida de Honra


O Livro:

O Sapo e o Príncipe: personagens e fábulas do Brasil contemporâneo.
Paulo Markun
Editora Objetiva

Acabei de ler. É muito importante obras que apresentem bons panoramas e esse é caso. Ou seja, se você não tem idéia de como o Lula e o FHC chegaram à presidência, se você não tem noção do passado de nenhum dos dois, esse livro é perfeito. Bem escrito, jornalisticamente impecável.

Agora, isso não significa que não tenha pontos fracos. Um deles é a utilização da imprensa como fonte recorrente. Não nego que é um trabalho hercúleo ficar lendo jornal velho, mas às vezes isso não basta. Acaba que a versão do livro fica sendo aquela que foi para os jornais e essa, convenhamos, a gente já ouviu falar. Resta um certo gostinho de chapa branca na boca após a leitura. Por outro lado, essa é a função do jornalista: ele conta, as conclusões ficam para o leitor.

Também discordei quando o autor diz que a participação do Lula na Constituinte foi inexpressiva. Acho que isso foi realmente uma infelicidade do livro. Tudo bem que o Lula declarou não ter gostado da experiência de legislador. Daí vai uma distância enorme entre fazer direito e fazer com prazer. A Assembléia Constituinte teve no Lula um dos mais atuantes e influentes parlamentares. Tanto que a Constituição de 1988 recebe críticas, até hoje, de ser avançadinha demais para o Brasil e a bancada progressista foi claramente liderada pelo nosso atual presidente, contra o que foi conhecido à época como Centrão.

Mas tirando essa única discordância tiro meu chapéu para o Markun e recomendo a leitura, principalmente para os mais novos que ainda não eram nem projeto de gente quando toda essa história se desenrolou.


A Pizza:


Aqui em BH até que temos boas pizzarias. Eu, particularmente, gosto muito da Più e da Olegário. Acontece que nesse fim de semana resolvemos experimentar a Especiale, que fica ali na Fernandes Tourinho. A pizza salgada é muito boa, mas as outras não ficam nada atrás. Veneno mesmo é a sobremesa: pizza de nutella (aquela mistura de chocolate com avelã que recheia bombons tipo o Ferrero Rocher). Digamos que a pizza de nutella está para as demais pizzas de chocolate como o haxixe está para a canabis: dá muito, muito mais barato. Só ficaria melhor se tivesse uma bola de sorvete de creme, para refrescar. Acho que eles não colocaram exatamente para não cortar o efeito e você sentir o chocolate inundando as suas veias. Um excesso!

Nota 10 também para o atendimento. Todo mundo é simpático e sorridente. Eu tenho uma teoria: você só reconhece o bom atendimento quando chega maltrapilho ao estabelecimento. Se você recebe o mesmo atendimento de camisa puída e chinelo de dedo, branco e sujo, que a patricinha com um colar gigante com 37.084 pérolas falsas e que o estrangeiro das mesas ao lado, está aí um bom lugar para voltar.


A caricatura é do site www.republicapizzabar.com.br, uma pizzaria de Campinas. Se a pizza for gostosa como as caricaturas são engraçadas, vale uma visita.


segunda-feira, janeiro 24, 2005

Quem tem medo de Virgínia Woolf??

Encontrei assunto para esse abandonado blog e agora pretendo esgotá-lo. Vamos lá.


Mulher Gato (DVD)

Não assista. Você não viu no cinema? Sorte sua, não pegue nem em DVD. O filme é todo ruim. A edição é ruim, os efeitos especiais são ruins, a fotografia é ruim. O único vilão respeitável do filme é o diretor. Ele não soube diferenciar a Mulher-Gato da Mulher-Lagartixa. Quase um crime. Além disso o enredo é ridículo e a direção de atores é péssima. Aliás, acredito que a Halle Barry nem tenha tanta culpa, foi mal dirigida mesmo. Por outro lado, bons atores costumam ser bons atores, mesmo mal dirigidos. Bem, o que eu estou querendo dizer com toda essa insistência? Simples: não assista.


Dirty Dancing (Telecine Emotion)

Um verdadeiro clássico da cinematografia mundial, não é mesmo? Ironias à parte, rever o filme foi interessante.
Eu tenho uma teoria sobre o seu sucesso: ele tem, intencionalmente, o objetivo de alavancar a auto-estima da mulher, ou melhor, das mocinhas adolescentes. Como?

Estratégia 1: A mocinha do filme é feia. Ela tem um nariz gigante, quase não tem boca e seu cabelo é ruim. Pronto: ela é exatamente como nós, pelo menos em algum defeito.

Estratégia 2: Coloque o Patrick Swayze para dizer ao seu ouvido: ó, tadinho de mim, eu sou pobre, ignorante, e aquelas mulheres malvadas abusam do meu corpão. Você cuida de mim? Ok, ok, nem a Hannah Arendt resistiria....

Estratégia 3: A mocinha dá pro mocinho e naaaaada de ruim acontece. O que eu quero dizer: ela assume a relação e encara o pai. Ela tem força moral, para dizer, é, dei mesmo, e daí? Antes ser honesta do que virgem! Ela é inteligente! Convenhamos, isso foge do padrão hollywoodiano e encanta qualquer mocinha sonhadora com mais de dois neurônios. Sem contar que hoje, em 2005, nos Estado Unidos falso-moralista do Bush, isso tudo é quase ofensa.

Estratégia 4: Coloque tudo no liquidificador e tempere com músicas/danças sensuais e uma mela-cueca grudenta:
Now I've had the time of my life
No I never felt like this before
Yes, I swear it's the truth
And I owe it all to you


Voilá! Um sucesso tremendo e uma pitada de feminismo de buteco que não faz mal a ninguém!


A sem-gracinha conquista o bonitão por meio de sua inteligência e sentido ético: é, não se fazem mais filmes como antigamente...

Amanhã (ou em um futuro próximo): Livro e pizza.



quinta-feira, janeiro 20, 2005

Férias do Barulho

Apêndice ao post abaixo

Livros

Cabeças Trocadas - Thomas Mann
Novela adaptada de uma lenda indiana. Começa com o velho papo: dois amigos, uma moça bonita e gostosa, um é inteligente e fraco, o outro é forte e meio burrinho, essas coisas.
O bacana é que a história que se desenvolve desse início padrão foge bastante do lugar comum. Principalmente a discussão que faz sobre a relação entre cabeça e corpo (ou razão e paixão, ou intelecto e sensualidade ou apolíneo e dionisíaco) e como cada uma das partes influencia a outra.
Ainda melhor é o desfecho da trama, quando fica claro que toda essa disputa entre os dois homens (que representam, no fundo, os dois componentes básicos de ser humano: corpo e cabeça) está totalmente subjugada a um terceiro elemento: o desejo do outro, ou no caso, outra, a mocinha gostosa!. Resumindo: nem a razão, nem a natureza, são soberanas quando uma mulher encasqueta com uma coisa! Ahá!



segunda-feira, janeiro 17, 2005

Comer, Beber, Viver

Saldo de Férias

Filmes

Harry Potter e o prisioneiro de Askaban (DVD)
Quem falou que esse filme era um Harry Potter diferente, mais sombrio, etc? Né não, igualzinho os outros com uma fotografia um pouquinho diferente... Diversão garantida, porém sem pretensões...

O Encontro (DVD)
Com a Cristina Ricci anoréxica. Legalzinho, mas sem brilhantismos. Um suspense normal.

O Enviado (DVD)
Filme debilóide sobre um menino clonado. Cachorro morto, não vou nem chutar.


Moça com brinco de pérola (DVD)

Sensível, bonito até doer, uma fotografia super bacana, atores excelentes, inclusive a esposa e a sogra que ninguém fala delas. Aprovado.


Mulheres Perfeitas (DVD)

É comédia, dirigida pelo Frank Oz, portanto, como diz o Kenji, "filme pra criança" com toques de humor negro. Mas tem seus bons momentos. Para assistir comendo pipoca.

Do outro lado da rua (VHS)

Talvez o melhor da lista. O ritmo é lento, mas faz sentido. É um filme com cara de suspense mas no fundo é uma delicada narrativa sobre solidão e terceira idade. A Fernanda Montenegro e o Raul Cortez dão um banho, mas ninguém espera menos que isso, portanto, as cenas, a direção sutil e os diálogos são o filé. Recomendo.

O Grito (cinemão)
Você gosta de terror japonês? Você quer levar muitos sustos? Então vá ver. Não espere nada além disso, mas para mim, particularmente, já é muito. Um aspecto legal: não tem um final estúpido, o que tem que ser, será, sem condescendências hollywoodianas. Ponto para o diretor japonês.


Party Monster (DVD)

Nas primeiras cenas pensei: Ih, mas um filme de bichinhas afetadas... Não é. Com o desenvolvimento da história vai ficando melhor, melhor, melhor, até chegar no máximo que são as últimas cenas. Destaque para a cena da banheira e para a do ratão (quem viu entendeu, quem não viu, vá ver para entender).

Gastronomia

Galeteria
Shopping Jardins. Um PF executivo mas muito, muito gostoso. Eu gosto do galeto com salada, mas segundo o Kenji, a picanha também é muito boa. Também gosto do clima, porque ele não fica dentro do Shopping, mas no jardim mesmo. Ideal para dias quentes.

Graciliano
Lembra São Paulo. Fui no Belvedere. Não digo que é barato, mas não é absurdamente caro como a cara e o público podem demonstrar. A comida é bem feita, sem economias porcas, sashimis feitos com enormes filés de salmão. Ainda tem saladas, massas, carnes, pãezinhos e salgadinhos, tudo uma delícia. A parte de doces é uma tentação, se tiver de regime, por favor, não vá.

República do Jambreiro
Disparado o melhor. Cogumelos, muitos cogumelos, um ambiente delicioso, toca-discos cheios de vinis de bossa-nova, esculturas de metal na entrada, chef simpático, artista plástico, elegantérrimo o negócio. E não duvidem: a melhor pedida de sobremesa é a compota de cogumelos com sorvete de creme. Eca! Cogumelo doce? É, cogumelo doce, uma delícia. Na entrada de Nova Lima, vale a pena reservar. Toda quarta tem rodízio de Cogumelos (Cogumelança) e eu já estou doida para voltar. Vamos?

Jay Rama
Vale a pena citar a clássica feijoada vegetariana do Jay Rama, sexta e sábado, na Getúlio Vargas, pertinho do McDonalds (irônico, não?). R$ 9,00 com direito a caipirinha.

Chico do Peixe
O melhor Peroá de BH. E com uma grande vantagem: sem frescura! Gaste R$ 15,00 e coma até enfartar. Um galpão lá no bairro Concórdia (eu acho que é esse, mas posso estar redondamente enganada), butecão com direito a todas as marcas de cerveja, menino passeando pelas mesas, famílias inteiras e aquele ar de ô lá em casa.

Quebradeira

HITS
Por que as pessoas continuam freqüentando a Obra?? Porque só lá você pode se divertir e ouvir música de primeira do início ao fim da noite. Hits da Obra ainda é o que há, mesmo com o calor que fez no sábado.





segunda-feira, janeiro 03, 2005

Bar Esperança

Entrei no esquema e caí na bobagem de fazer as intermináveis, mas indispensáveis
Promessas para 2005:

Tirar carteira de motorista.

Malhar.

Manter contatos com meus amigos legais, gente-fina e descolados.

Aprofundar o contato com meus novos amigos legais, gente-fina e descolados que conheci em 2004.

Não perder o contato com os velhos amigos legais, gente-fina e descolados que ressurgiram em 2004 (bendito Orkut!)

Aprender a tocar decentemente pelo menos uma musiquinha na minha gaita hohner em lá.

Estudar.

E principalmente: não me deixar abater! Porque:
Eu acredito na foto, não há bem que sempre dure, não há mal que não se acabe e, como todos sabem, a fila tem que andar!

2005 porreta pra todos nós!