terça-feira, junho 26, 2007

Um dia, um gato

Outro dia, outro gato. É meio louco essa coisa de ter quatro gatas em casa. Quatro personalidades, todas felinas.
Rola uma sensação de 'os meus, os seus e os nossos', porque toda hora, nos cantinhos da casa, você dá de cara com um focinho diferente.
O grande lance é que quatro realmente não é pouco.
Antes eu ainda tinha uma política de ser tudo igual para as gatas.
Coisa de ser humano besta, que quer impor uma linha de raciocínio humano em um universo completamente diferente, onde funciona outra lógica.
Mas era a minha forma de lidar com elas.
Agora não é mais possível ser assim.
O que uma acha o máximo a outra não consegue nem entender.
Cada uma tem suas necessidades, suas prioridades, suas preferências.
Uma gosta de figo e alecrim, a outra quer água no copo, a terceira só pensa em brigar e a quarta se faz de inocente e mantém as outras três sob seu completo domínio.
Resumindo a ópera, a forma como eu me relaciono com o universo felino é que muda. Sou eu que aprendo tanto o que faz sentido em termos práticos como o que é invencionice da minha cabeça de gente.
Aliás, essa raça de gente, devem pensar minhas gatas, inventa coisa demais provavelmente para compensar o fato de não ser perfeita, como são os gatos.

segunda-feira, junho 18, 2007

Heaven e porque eu adoro fim de semana

Sexta: Primeira experiência próxima de um domingo feliz no apê novo. Ana, Arthur, Murilo, Cíntia e Paulinho provaram a minha pizza de funghi secchi. Foi muito bacana. Todos conversaram sobre tudo e eu tive mais notícias do Max, nosso pequeno notável.
Sem contar que as gatas ficaram muito felizes, do jeito delas, com as visitas.

Sábado: diversão pura. O Luciano Batista, gaitista muito gente boa de Juiz de Fora, nos convidou para assistir no Chevrolet Hall o show do Emerson Nogueira, que ele acompanha na gaita e na flauta transversal. Como a gente já tinha combinado de ir ao Capim Limão ver o João Timponi na cromática, acabamos assistindo a passagem de som do Emerson. Foi muito bacana, porque é o making off do show. A gente tem noção do que é um esquema profissa em termos de música, ouve as histórias, é muito interessante. E à noite fomos ouvir um jazzinho super bem levado pela banda Dejà Vu. O Capim Limão também é um lugar interessante e dependendo do público pode proporcionar vários tipos de espetáculos. Nesse sábado, fomos brindados por um casal apaixonado que deu um verdadeiro show de pegação explícita. Só faltou a produção de luzes e os efeitos sonoros. Juro que não é moralismo. Não tenho nada contra o sexo livre e até mesmo público, porque não? Mas as caras, bocas e jogadas de cabelo que a mulher fazia e a falta de cerimônia com que o cara enfiava a mão no decote dela, além de outras cositas, quase me mataram de rir. Na boa, é o tipo de exibicionismo que me faz crer que nós, o público, nos divertimos mais que o próprio casal envolvido.

Domingo: para fechar o fim de semana musical, fomos à Praça da Liberdade assistir o show do Marcus Suzano, com um tecladista que eu esqueci o nome: Alex alguma coisa. Som totalmente eletrônico, pandeiro com pedais, bem interessante. O Marcus Suzano toca pandeiro como eu nunca vi ninguém tocar na vida. Dá vontade de chorar. Eu finalmente entendi o que meus amigos gaitistas sentem quando assistem o Eberienos ou o Róbson tocar. Realmente tem-se a vontade de jogar o instrumento fora e esquecer aquilo. "A responsabilidade de tocar o seu pandeiro é a responsabilidade de você manter-se inteiro", Chico Science. Adorei isso.

Sobre o filme Heaven, é interessante. Eu assisti muito por acaso, no Telecine Cult, num hotel de São Paulo durante uma viagem a trabalho. Simplesmente a-do-rei, mas não sabia quem era o diretor nem nada. Acabei de saber que o roteiro é do Krzysztof Kieslowski. Ah bom! Tudo explicado! A direção é do Tom Tykwer de Corra, Lola, Corra, o que também é bom sinal. Agora quero assistir O Perfume – história de um assassino também dirigido pelo Tykwer.


Recomendo muito

terça-feira, junho 12, 2007

O desafio final

Provavelmente eu sou o pesadelo das vendedoras de loja.
Ganhei uma blusa e resolvi trocar por alguma coisa com mais chance de usar.
Para a vendedora, troca já é uma meleca porque não tem comissão, eu ainda sou boazinha e chego ao Minas Shopping 21h35, ou seja, quando ela começa a pensar em fechar o boteco e finalmente ir para casinha. Aí entra a chata (eu) na loja.

Depois das explicações introdutórias, o diálogo:
- Então você quer trocar o tamanho?
- Não... eu queria trocar o modelo mesmo, esse tem muito fru-fru... Eu tenho que escolher entre essas blusas aqui?
- Não, pode escolher qualquer coisa na loja. Você gosta de quê?
- Não sei... Tem calça jeans?
- Tem sim. Olha os modelos.
Eu olho.
- Não sei... Tem sem essas pedrinhas?
- Não.
- E esse modelo?
- Esse modelo não tem 38 nem 40... Mas tem jaqueta. Você gosta?
- Gosto!
- Olha essas
Eu olho.
- Não sei... Tem sem essas pedrinhas?
- Não.
- É que eu não gosto de fru-fru...
- Mas está usando!

Pausa: nesse momento, todos os meus pelinhos arrepiam, meus instintos colocam-se à flor da pele e eu quero dizer: Veja bem, eu não uso uma coisa ri-dí-cu-la só porque 'está usando'. Aliás, detesto esse conceito de 'se todo mundo usa é usável'. Por essa razão tem mulher saindo na rua igual uma palhaça com o shortinho do príncipe valente: porque está usando!

Controlo-me e volto com um sorriso:
- Não sei... E calça de pano, você tem do meu número?
- Tenho preta.
- E de outra cor?
- Tenho aquelas ali.
Ela aponta para um monte de panos dobrados nos tons azul calcinha, rosa calcinha e cáqui.
- Não sei...
- E vestidinho, você gosta?
- Gosto.
- Olha, tem esses aqui...
- Tem sem ser tomara-que-caia?
- Tem, mas...

Pausa para um momento de tensão...

- É que eu não gosto de tomara-que-caia...

No meio de muitos tomara-que-caia e tecidos estampados com flores roxas, encontrei o meu número. Vestido preto, totalmente solto, super Wednesday Adams. Adorei. Tinha um vermelhinho com faixa preta que eu também achei legal.

- Posso experimentar?
Experimentei e o vestido preto tinha uma gola meio canoa. Fiquei na dúvida, e perguntei:
- Será grande para mim?
- Não! É assim mesmo!
- Jura?
- Juro, igual a fulana, da novela das oito...
- Quem?
- A fulana da novela das oito
- Não sei... não vejo novela...

Pausa: nesse momento a atingida em seus instintos assassinos foi a vendedora. Ela me encarou com aquela cara e eu pude ler nos olhos dela: Olha, não gostou do vestido, é só falar, ok? Agora, por favor, não me venha com esse papo de 'eu não assisto novela'. Porque to-do-mun-do sabe que to-do-mun-do assiste novela. Eu não sou idiota, ok?

Mas como era de se esperar de uma profissional, a mocinha controlou-se e voltou com um sorriso:

- Tem um vestindo desse na vitrine, olha como fica...
- Aaahhhh, legal.
- Aí você coloca um cinto, igual na vitrine, para ficar 'afofadinho'.
Realmente, na vitrine, eles estragaram o vestido com um cinto e não ficava parecendo a Wednesday.
- Não sei... é que eu não gosto de cinto...

Mais uma pausa para momento de tensão

- Mas usa... Bem, o vestido 'vestiu super bem em você' (a frase mais usada pelas vendedoras em todos os tempos), e pode usar com a sua bota...
O fato é que por acaso eu estava com uma meia-calça vermelha por baixo da calça preta e minha bota de verniz (por causa do frio e debaixo da calça, ninguém via). E com o vestidinho solto já rolou um certo visual, tipo Wednesday, saca?
- Posso usar sem cinto?
- Pode sim, do jeito que você quiser!

(pausa para o momento acabou a tensão, vou para casa livre dessa louca)

- Então eu vou levar.

O final feliz é que o vestidinho era R$ 20,00 mais caro que a blusa o que garantiu alguma satisfação à vendedora e para mim, um vestidinho que saiu por 20 reais ainda era bastante lucro.