sexta-feira, abril 30, 2004

A Streetcar Named Desire

Você, sozinha, passeando por livrinhos à toa. De repente, esbarra numa coisa dessas:

ESTUPOR

Esse súbito não ter
Esse estúpido querer
Que me leva a duvidar
Quando eu devia crer


Esse sentir-se cair
Quando não existe lugar
Aonde se possa ir


Esse pegar ou largar
Essa poesia vulgar
Que não me deixa mentir


E pensa. É, tem uma coisa que a lógica não alcança: o desejo.




quinta-feira, abril 29, 2004

Irmão sol, irmã lua

Sem os radicalismos da Rosi, mas bem que o tímido solzinho que saiu hoje de manhã podia vingar.

Estou com saudade.

Saudade do povo da gaita.
Saudade de sair da casa do Max depois de sete horas da manhã.
Saudade da Obra.
Saudade do Paco na Álvares Cabral.
Saudade do domingo feliz.
Saudade de Santos. (do Gonzaga, do Orquidário, do meu mar)
Saudade dos meus irmãos.
Saudade da Carine, da Raquel, da Clara, da Mariana, da Fernanda, do Odilon.
Saudade da pizza da dona Maria José.
Saudade da minha joboticabeira.

Todas essas coisas me fazem muito bem.





terça-feira, abril 27, 2004

A volta dos mortos vivos

Antes que esse blog morra:

- Eu estou bem melhor, mas bronquite e sinusite ao mesmo tempo, ninguém merece.
- Curitiba é Laranja Claumann.
- Eu adoro viajar com a Clarice e a Rosi.
- Eu adoro conhecer pessoas bacanas como o Ricbit.
- E também é ótimo adorar uma viagem, voltar para casa e beber no Maleta.
- Eu não sou nerd.
- Quando eu comecei a disciplina da Rousiley o objetivo era clarear meu projeto. Até agora, no entanto, tudo está me parecendo cada vez mais confuso. Ainda não sei se isso é bom ou ruim.





sábado, abril 17, 2004

Fame



Dois shows do Deja Blue seguidos!
Além de ouvir música de primeira qualidade é muito bom ganhar camiseta de tiete, estar entre amigos, tirar fotos , tomar muita cachaça e bater altos papos.
Para a banda eu só posso dizer: Cavanha, Juliano, Kenji, Raquel e Zeferino, eu sou fan de vocês!!!
E para quem não assistiu nenhum dos shows, insisto: não perca a próxima oportunidade, porque por aí vem mais, com certeza.


quarta-feira, abril 14, 2004

Mar em Fúria

Sonhei que estava numa casa com o Kenji e um dos cômodos era o mar. Então, chegou a Adrianinha para nos visitar e nós três fomos assistir TV no quarto que ficava em alto mar.

Tinha uma TV, um sofá e alguma coisa mais alta (um banco, talvez, ou uma janela) onde o Kenji estava sentado, e tudo boiava tranqüilamente. Nós assistíamos um seriado de ação onde os protagonistas eram o Kleiton e Kledir (lembram?). A Adrianinha olhou o seriado, achou meio chatinho e resolveu dormir no sofá. O Kenji estava adorando o programa na televisão e eu resolvi pegar umas ondas.

Peguei uma prancha de surf amarela e fui nadando até onde as ondas quebravam. Como o quarto ficava em alto-mar não havia ondas (provavelmente para as coisas não balançarem muito). Eu consegui me equilibrar em algumas delas. Cheguei até a ficar em pé na prancha e fui me aproximando da praia. Quando eu já estava bem perto da areia, olhei para trás e tinha uma onda gigantesca atrás de mim. Em cima da onda, um ônibus, 9204, lotado. Eu pensei: vou me abaixar para a onda não me machucar e o ônibus passar pela minha cabeça. Fechei bem os olhos e quando abri o ônibus estava do meu lado, com as rodas totalmente enfiadas na areia.
Eu pensei: putz, escapei por muito pouco.
Quando as pessoas começaram a descer do ônibus, todas reclamavam do perigo que haviam passado, eu vejo a minha prima Mariana entre elas. Conversei um pouquinho com ela, queria saber se ela estava bem. De repente a minha prima Mariana se transformou na minha prima Daniela de São Paulo.

A Daniela me levou para uma cozinha onde meu tio Nino, pai dela, fazia alguma coisa com tomates e cebolas (não parecia uma salada, como se poderia imaginar). Ela então começou a fazer um mingau de neném e a reclamar do meu tio Nino. Nisso, chega meu pai, que fica indagando porque ela estava fazendo um mingau, já que não havia nenhuma criança ali. Quanto mais nós perguntávamos sobre o mingau, mais a Daniela reclamava do pai.
Aí eu pensei com meus botões: é, a minha prima ta doida mesmo. E foi isso.

Agora, será que quem está doida sou eu??





domingo, abril 11, 2004

Sonhos Molhados

Lavras Novas é, foi e sempre será:

- Úmida pra cacete. Você coloca uma peça de roupa pra secar, ela fica mais molhada.
- Cerveja, cachaça, vinho e rum.
- Angu com quiabo. (Meninas, eu quase trouxe um marmitex de carne de panela só para vocês)
- O Kenji detonando na gaita, tocando Mercedes Benz e impressionando a Carla Picorelli, que acompanhou no violão.
- Chuva, neblina, chuva e neblina.
- Casinhas coloridas, gente muito simpática, hippies e barracas.
- Uma cruz no início da rua, uma igreja no meio, um buteco no final.
- Uma das viagens mais bacanas que eu fiz na vida.





quinta-feira, abril 08, 2004

I Confess (ou A tortura do Silêncio)

Algumas declarações de fundo emocional-ressaquístico:

Só há um profissional no qual você pode confiar sua vida: o garçom.
Eu tenho dois, de minha total confiança, o Tião da Obra e o Dionísio do Xoc-Xoc.
Eu estou toda arregaçada, mas a Obra ainda é um lar para mim.
A internet é definitivamente um excelente lugar para se fazer amigos.
Isso não significa que você deve aceitar encontros obscuros marcados por icq, percebe?
Água é um santo remédio.
O mais divertido disso tudo: hoje tem mais!





segunda-feira, abril 05, 2004

Meu querido Presidente
Ou
Porque hoje acordei mais vermelha.

Eu estou com vontade de fazer uma campanha de outdoor, lá em Brasília, com os seguintes dizeres:

Lula,
Não tenha medo de ser feliz!

Alguém topa dividir comigo?

Aproveito a proximidade da semana santa e deixo um trecho do poema “O operário em construção” do Vinicius de Moraes:

Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo vário.
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
— Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem bem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher.
Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.
Disse, e fitou o operário
Que olhava e que refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria.
O operário via as casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro de seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
E o operário disse: Não!

— Loucura! — Gritou o patrão
Não vês o que te dou eu?
— Mentira! — disse o operário
Não podes dar-me o que é meu.

E um grande silêncio fez-se
Dentro do seu coração
Um silêncio de martírios
Um silêncio de prisão
Um silêncio povoado
De pedidos de perdão
Um silêncio apavorado
Como o medo em solidão
Um silêncio de torturas
E gritos de maldição
Um silêncio de fraturas
A se arrastarem no chão.
E o operário ouviu a voz
De todos os seus irmãos
Os seus irmãos que morreram
Por outros que viverão.
Uma esperança sincera
Cresceu no seu coração
E dentro da tarde mansa
Agigantou-se a razão
De um homem pobre e esquecido
Razão porém que fizera
Em operário construído
O operário em construção.






sábado, abril 03, 2004

Samba Canção

Desde que o Samba é Samba..
Caetano Veloso

A tristeza é senhora.
Desde que o samba é samba é assim;
A lágrima clara sobre a pele escura,
À noite a chuva que cai lá fora.

Solidão apavora,
Tudo demorando em ser tão ruim,
Mas alguma coisa acontece no quando agora em mim;
Cantando eu mando a tristeza embora.

O samba ainda vai nascer,
O samba ainda não chegou,
O samba não vai morrer,
Veja, o dia ainda não raiou.

O samba é pai do prazer,
O samba é filho da dor,
O grande poder transformador.

Solidão apavora,
Tudo demorando em ser tão ruim,
Mas alguma coisa acontece no quando agora em mim;
Cantando eu mando a tristeza embora.

O samba é pai do prazer,
O samba é filho da dor!

A tristeza é senhora.
Desde que o samba é samba é assim;
A lágrima clara sobre a pele escura,
À noite a chuva que cai lá fora.

Solidão apavora,
Tudo demorando em ser tão ruim,
Mas alguma coisa acontece no quando agora em mim;
Cantando eu mando a tristeza embora.

O samba ainda vai nascer,
O samba ainda não chegou,
O samba não vai morrer,
Veja, o dia ainda não raiou.

O samba é pai do prazer,
O samba é filho da dor,
O grande poder transformador.

A tristeza é senhora.
Desde que o samba é samba é assim;
A lágrima clara sobre a pele escura,
À noite a chuva que cai lá fora.

Solidão apavora,
Tudo demorando em ser tão ruim,
Mas alguma coisa acontece no quando agora em mim;
Cantando eu mando a tristeza embora.
Cantando eu mando a tristeza embora.
Cantando eu mando a tristeza embora.



sexta-feira, abril 02, 2004

Nova Poética

Vou lançar a teoria do poeta sórdido.
Poeta sórdido:
Aquele em cuja poesia há a marca suja da vida.
Vai um sujeito.
Sai um sujeito de casa com a roupa de brim branco muito bem engomada, e na primeira esquina passa um caminhão, salpica-lhe o paletó ou a calça de uma nódoa de lama:
É a vida.

O poema dever ser como a nódoa no brim:
Fazer o leitor satisfeito de si dar o desespero.
Sei que a poesia é também orvalho.
Mas este fica para as menininhas, as estrelas alfas, as virgens cem por cento e as amadas que envelhecem sem maldade.

Manuel Bandeira