quinta-feira, março 22, 2007

Dirty Pretty Things

Então, ontem fiquei de molho em casa lendo uma revistinha da Mente e Cérebro sobre filosofia. Algo do tipo Filosofia Clássica for dummies, tem Platão, Aristóteles, Santo Agostinho e Tomás de Aquino. Guardadas as devidas proporções e ressalvada a época em que os caras viviam e trabalhavam, tem muita coisa interessante. Principalmente se comparamos com a nossa realidade hoje.

O que será que nós fizemos com noções de bem, mal, do que é belo, do que é certo, de bem comum? Jogamos para o alto? Virou poeira cósmica?

Bem, ontem também assistimos o filme A Rainha do Stephen Frears. Um filme sutil, que discute temas atuais como verdade e versão, princípios e imagem, subjetividade e representação. Pena que uma coisa boa, a excelente interpretação da protagonista Helen Mirren, como a Rainha Elisabeth II, eclipsou o filme como um todo.

Uma coisa que chamou muito a minha atenção foi a constante presença de imagens da Diana no filme que vão ficando, no decorrer da narrativa, cada vez mais fantasmagóricas. E o que são imagens além disso? Representações do real, fantasmas. Umas das últimas aparições da Diana (o filme mistura filmagens com cenas de arquivo todo o tempo) - quando a crise já está instalada - é um olhar dela, Diana, para a câmera, como quem diz: e aí? O que você vai fazer comigo? Pareceu um filme de terror nessa hora.

E não tem nada dessa história de ‘ah, vamos mostrar a face humana da rainha’. O filme usa um episódio da história, uma situação factível, para questionar a nossa própria percepção do que é real (nos dois sentidos) e o que não é. Questionar o que são celebridades (aliás um outro filme que também toca nessa questão, e se utiliza de uma figura palaciana, é o Maria Antonieta da Sofia Copola, mas isso é outra história), o que é imagem, o que nós seres sociais desejamos e cobramos delas. Porque, se você parar para pensar, quem era a Diana? Quem e o que a matou? Quem é a Rainha Elisabeth? Quem e o que a mantém lá no trono até hoje? Não seriam as mesmas situações e as mesmas pessoas?

Aí vem o Stephen Frears e põe a gente pra pensar.


Até o cartaz já diz tudo

terça-feira, março 20, 2007

Efeito Colateral ou a via crucis do aciclovir

Como diz o Kenji, quando vem, vem junto, então hoje eu descobri que a minha herpes labial voltou. Ou seja, além de 10 dias sem beber serão, pelo menos, 3 sem beijar. Férias é isso aí!

Ainda tive a via-crucis do aciclovir. Como eu estava na dúvida resolvi ir a uma farmácia, nesse solão, confirmar com o farmacêutico se era mesmo herpes. Tudo bem, saí de casa 13h15 e fui primeiro na Drogaria Araújo do Gutierrez, cheguei por volta de 13h30. Lá eu descobri que hoje é o dia da Reunião-Geral-dos-Farmacêuticos-da-Drogaria-Araújo. Beleza, tentei, então a DrogaRaia, que fica em frente, e descobri que lá sempre ficam duas farmacêuticas, que fazem questão de almoçar no mesmo horário, ou seja, qualquer uma delas só depois de 14 horas. Tudo bem, sem pressa, tô de férias mesmo, no stress.

Vou eu andar, nesse solão, mais dois quarteirões para chegar na Drogaria Trade. Tem farmacêutico? Tem. Está em horário de almoço? Está. Volta às 14 horas? Por aí. Isso já são 13h45. Beleza, vou para a papelaria do lado e fico 15 minutos olhando papel. Às 14 horas chega a farmacêutica e vai trocar de roupa. 14h15 ela volta, exatamente com a mesma roupa que chegou e um jaleco branco por cima. Tudo bem, sem pressa, tô de férias mesmo, no stress.

Aí eu viro para ela:

- Acordei com uma feridinha na boca, mas tô na dúvida se é herp....

- É.

Na verdade, antes do ‘é’ ela ainda apertou os olhinhos por uns três centésimos de segundo fazendo uma profunda análise da minha ferida na boca. Essa praticamente consulta à farmacêutica deve ter durado, no máximo, 2 segundos. Até porque antes de eu agradecer e falar ‘ah, então a melhor pomada é aciclovir, né?’ Ela já estava do outro lado da loja.

Então eu me dirijo à vendedora da farmácia e peço uma pomada aciclovir ou zovirax, ‘o que estiver mais em conta’ como de costume. Ela simplesmente não tem. Pelo menos eu já tenho a confirmação do ‘diagnóstico’. Volto andando, nesse solão, para a Drogaria Araújo. Nisso já devia ser quase 14h30. Cheguei em casa de novo um pouco antes de três da tarde. Mais de uma hora e meia depois de pensar ‘ah vai ser mais rápido eu ir à farmácia e confirmar minha suspeita. Sem contar que tudo bem, sem pressa, tô de férias mesmo, no stress.

Rá...Rá...Rá...

segunda-feira, março 19, 2007

Vivre sa vie

Essa semana eu estou de férias! O que é muito bom para tirar alguns atrasos. Hoje mesmo fui ao médico e descobri que estou com sinusite. Na verdade eu já devia estar há algum tempo, mas como não ia ao médico, só descobri agora. O duro é ficar 10 dias sem beber, por causa do antibiótico, e ainda ter que pagar por isso! Pelo menos hoje nós temos os espetaculares genéricos! Só a caixinha de antibiótico que custa 74 reais acabou saindo por módicas 52 pratas. A soma toda, incluindo antialérgicos, foi menos de 63 reais, ou seja, mais barato que o antibiótico original.

Outra dica, quando você pressentir que os remedinhos não serão baratinhos, é pedir na Unifar (3339-2900). Eu não sei porquê, mas eles vendem os remédios com 20% de desconto e entregam em casa (sem taxa!) e ainda agendam o horário. Tipo, eu poderia receber o remédio na parte da manhã de 8h às 10h ou de 10h às 12h30. Não é muito fino? Deus salve as farmácias populares.

Também vou aproveitar essa semana para ler mais e quem sabe até cozinhar. De vez em quando um tempo à toa na sua própria cidade é bom para aproveitar promoções, comprar verdura fresca, visitar exposições. No mínimo a programação do Palácio das Artes “Encontro Marcado com Fernando Sabino” eu quero acompanhar. Vocês sabiam, caros leitores, que o Fernando Sabino foi meu primeiro grande herói?

Só não pretendo ir ao cinema porque o Kenji descobriu os prazeres do ‘vamos baixar o filme na internet’. Já vimos vários assim e eu estou adorando, até porque combina com a minha fase de absoluta austeridade fiscal.

O que me lembra um outro atraso que pretendo tirar nessas micro-férias: ir ao banco, contar as moedinhas, conversar com a gerente sobre como pagar menos tudo (taxas, cpmf, anuidades). Ir ao banco e conversar quase sempre é sinônimo de economia. Minha última descoberta foi que a Caixa, por exemplo, tem dois tipos de conta: a conta corrente e a conta poupança. Para quem não pretende usar o talão de cheques da Caixa (meu caso) a diferença entre a primeira e a segunda é que você não paga taxa nenhuma na conta poupança e ela ainda pode render alguma coisa. Depois que soube disso mudei imediatamente para conta poupança e economizei quase 20 reais por mês, ou 240 reais por ano. Isso sem fazer esforço nenhum e já dá para comprar pelo menos uns cinco livros muito bons!


Férias em BH é isso aí...

segunda-feira, março 12, 2007

O Processo

Algumas lições da semana

Pare de fumar, esse negócio faz mal para a saúde.
Faça, sempre, todos os exames.
Se você é homem apenas ouça o que a sua garota tem a dizer, na maioria das vezes é o suficiente.
Corte as garras dos seus gatos.
Confira os vazamentos, os canos e o tamanho das janelas.
Indicações podem ser tão boas quanto um mapa.
Sobrar é sempre melhor que faltar.

O mais importante de tudo: consulte um especialista antes de tomar qualquer atitude na vida. Dê preferência aos especialistas amigos.




O Encontro Marcado

Parabéns à Cíntia e ao Murilo que hoje têm muito mais que um projeto, um sonho, um ideal: têm o Max nas mãos!

segunda-feira, março 05, 2007

Minority Report

Como diria o Itamar Assumpção, venha até São Paulo relaxar, ficar relax. Foi o que fizemos, eu e Kenji. Cinco dias de pernas pro ar na minha terrinha.

A casa do Melk e da Renata é uma espécie de Pasárgada da gaita, da música, dos furões e da comida vegetariana. Eu adorei cada minuto que ficamos lá.

O festival no SESC, como sempre, foi excelente, não apenas pelas atrações, mas principalmente pelos amigos. Melhor ainda quando os amigos são as atrações, como esse ano. A Mari tocou e cantou, o Eisenger arrebentou com o trio gaita, violão e percussão e eu gostei muito, muito mesmo da apresentação do Vítor Lopes.

Também conhecemos a fábrica da Bends que fica em Ribeirão Pires, uma pequena e pacata cidade pertinho de Sampa. O Valdecir estava lá e me pareceu feliz, o que me deixou feliz também. Essa galera que dedica a vida a um instrumento, nesse caso a gaita, merece ser reconhecida.

Acho que a Bends tem tudo para dar certo e torço por isso porque o pessoal tem se esforçado um bocado para que as coisas aconteçam da maneira certa. Eu respeito pra caramba essa dedicação porque estou convencida que a perfeição só existe no campo do ideal, nada no mundo prático é perfeito, até porque a sua definição varia de cabeça para cabeça. Agora, desejar e atuar na realidade de maneira ética e responsável para alcançar o melhor resultado possível já são outros quinhentos. Acho que o pessoal da Bends tem feito isso o que já me parece bastante louvável e meio caminho andado para alcançar o objetivo.

A gente também visitou o abrigo para crianças que o pai da Renata mantém em Ribeirão Pires e foi muito legal. A meninada é linda, saudável e cheia de energia para brincar. Quem for conhecer a fábrica não deveria perder a oportunidade de ir ao abrigo também.

Enfim, conhecemos mais gaitistas e fizemos novos amigos. Como sempre.

Para fechar com chave de ouro ainda ganhamos, no show do Carlini na Livraria da Esquina, um pingüim gaitista da Beth. Eu nunca teria imaginado um presente melhor.