quinta-feira, novembro 29, 2007

Aquele abraço!

Aos amigos queridos e principalmente ao Kenji, agradeço muito pelos parabéns!

Sim, notícia boa é para ser dividida!

A reportagem 'Celeridade e Justiça', 4a edição da Revista Fórum CESA, cuja jornalista responsável sou eu, ficou em 2o lugar na categoria nacional-Revista no Prêmio de Jornalismo da Associação dos Magistrados Brasileiros!

(...)
Chacrinha continua
Balançando a pança
E buzinando a moça
E comandando a massa
E continua dando
As ordens no terreiro...


(...)
Alô moça da favela
Aquele Abraço!
Todo mundo da Portela
Aquele Abraço!
Todo mês de fevereiro
Aquele passo!
Alô Banda de Ipanema
Aquele Abraço!...


Meu caminho pelo mundo
Eu mesmo traço
A Bahia já me deu
Régua e compasso
Quem sabe de mim sou eu
Aquele Abraço!


Prá você que meu esqueceu


Huuummm!


Aquele Abraço!


Alô Rio de Janeiro
Aquele Abraço!
Todo o povo brasileiro
Aquele Abraço!...


sexta-feira, novembro 23, 2007

Clichê

Estou calmamente lendo a Folha de S. Paulo hoje e me deparo com o seguinte texto:

Crítica
Michael Mann faz obra-prima em "Miami Vice"


Paulo Santos Lima - colaboração para a Folha

O olhar é uma coisa forte nos filmes de Michael Mann. É através dele que sabemos mais sobre os personagens, homens que carregam o peso do mundo, com seus olhares meio perdidos ou misteriosos, avistando algo além do horizonte.
São assim os olhos aflitos e apaixonados de Sonny Crockett (Colin Farrell) em "Miami Vice" (TC Premium, 0h10). Ele, policial infiltrado que gamou em Isabella (Gong Li), a mulher do traficante.
Aqui vem a sensibilidade cineasta de Mann. Sabendo da diluição que seria verbalizar o drama de Sonny, a opção é fazê-lo pela imagem, ao nível da superfície, preservando as interioridades.
Mas não completamente, pois saberemos pelos olhos de um capanga que Sonny não é o único a fim de Isabella. As paixões, aqui, tumultuam ainda mais o mundo de identidades voláteis mostrado por Mann.
Outro olhar que não deve ficar de fora é o nosso. Com ele, se verá o belo exercício cinematográfico desta obra-prima -os olhos não mentem jamais.

Detalhe: não é um engano, o crítico está falando do filme Miami Vice, baseado na série, que tem como protagonistas Colin Farrell e Jamie Foxx.

Leiam comigo:

O olhar é uma coisa forte nos filmes de Michael Mann...

homens que carregam o peso do mundo ... olhares meio perdidos ou misteriosos ... algo além do horizonte...

... os olhos aflitos e apaixonados...

Ele, policial ... que gamou na mulher do traficante ... a sensibilidade cineasta de Mann...

...diluição que seria verbalizar o drama de Sonny... fazê-lo pela imagem, ao nível da superfície, preservando as interioridades...

As paixões, aqui, tumultuam ainda mais o mundo de identidades voláteis...

... o belo exercício cinematográfico desta obra-prima ... os olhos não mentem jamais.

Se fosse um filme do Ingmar Bergman, esse texto, com todas suas pérolas (sensibilidade cineasta? Verbalizar o drama? Preservando as interioridades? Identidades voláteis? Belo exercício cinematográfico? E o gran-finale: os olhos não mentem jamais) já seria a maior concentração de clichês por número de letras de todos os tempos.

Acontece que se trata de um filme de ação. Tipo Desejo de Matar do Charles Bronson, sabe? A carga dramática dos olhos do Colin Farrell é a mesma da faixa vermelha na cabeça do Silvester Stallone em Rambo. Ou da bunda da Carla Perez em Cinderela Baiana.

Não conheço esse moço, Paulo Santos Lima, não sei pra que time torce. Mas, certamente, ele contou uma piada e eu morri de rir.


Será que com esses olhares aflitos e perdidos, eles estão conseguindo preservar as suas interioridades?

quinta-feira, novembro 15, 2007

Mil anos depois...

1. Pegar o livro mais próximo.
O Mulo – Darcy Ribeiro

2. Abri-lo na página 161.
Fácil, ele tem 383.

3. Procurar a 5ª frase completa.
4. Postar a frase no blog.

"Lá acampei pela primeira vez no modo tropeiro, expondo mercadoria"

5. Não escolher a melhor frase nem o melhor livro (usar o mais próximo)
ok, realmente não é 'o melhor' livro do Darcy Ribeiro.

6. Repassar o desafio para cinco blogs
Lila,
Clarice,
Omni,
Muriloq
É o suficiente?

7. O que você está achando desse livro?
Duro. Triste. Lindamente escrito. O Darcy Ribeiro é meu herói. Tudo que ele fez na vida fez maravilhosamente bem, com genialidade, vigor, entrega. Esse livro fala de como o meio pode maltratar o homem, como a pobreza pode endurecê-lo, e as dificuldades impedirem que ele se forme com a devida dignidade. Fala de um homem que não se acreditava inteiramente gente, mas meio bicho, meio mulo. E não que lhe tenha faltado recursos a vida toda, porém faltou-lhe confiança em si e no outro para acreditar que alguém poderia realmente dedicar-lhe um sentimento bom, amá-lo, respeitá-lo, já que ele mesmo não se sentia digno o suficiente para tanto. Triste, né?


"Fracassei em tudo o que tentei na vida.
Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui.
Tentei salvar os índios, não consegui.
Tentei fazer uma universidade séria e fracassei.
Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei.
Mas os fracassos são minhas vitórias.
Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu"

terça-feira, novembro 06, 2007

Meu Guri


Utilidade dos assobios
Chico Mattoso

Tem coisa que a gente sabe que vai acabar mal. Tudo muito calmo, tudo muito certo, tudo correndo do jeito que deveria, mas a gente vê que aí tem. É como um pequeno vazamento, um cheiro sutil que se desprende de algum lugar, e a gente sabe, a gente sempre sabe, a gente põe as mãos nos bolsos e tenta assobiar mas é óbvio que isso não adianta. Então começa a acontecer, a gente vê que está começando, mas finge que não é nada, que é bobagem, que o melhor a fazer é soltar um bocejo e dar uma conferida displicente nas unhas da mão, ah, que sujeira, e então um suspiro frouxo, um estalar de língua, uma olhada rápida no relógio enquanto ao lado a coisa cresce, alheia à nossa indiferença, e ganha massa feito um bolo no forno. A coisa já aconteceu, a coisa está explodindo e já não dá para inventar disfarces, é preciso fazer algo mas a única idéia que aparece é enfiar-se no banheiro e fingir qualquer problema. A gente tem um monte de amigos, a gente vai a festas e fala no telefone e se encontra na internet, e isso parece construir uma espécie de proteção contra as coisas, e a gente esquece que toda relação tem algo de virtual, porque, no fim das contas, nenhuma solidão é capaz de misturar-se a outra. Mas começa a ficar tarde, e a gente põe de novo as mãos nos bolsos, e vai andando pra casa como se nada tivesse acontecido, e no quarteirão de cima um carro buzina e é preciso endurecer o corpo para não sucumbir ao vento gelado. Então é preciso dormir, e ter sonhos estranhos, e acordar com dor de cabeça, e escovar os dentes olhando a própria cara amassada e decidir-se, na amnésia forçada de cada manhã, a tomar uma ducha quente e começar tudo de novo. Porque a gente sabe.

Texto publicado na Revista MTV nº 40, ano 4, setembro de 2004.

E eu que encontrei esse texto num blog do meu primo André.

E era só um molequinho. Ontem.