quinta-feira, julho 29, 2010

Um tapinha não dói? Em quem?

Tenho percebido na mídia que o tal projeto da "Lei da palmada" dividiu as opiniões. Enquanto alguns blogueiros progressistas como a Lola Aronovich e o Leonardo Sakamoto aplaudem a iniciativa, figuras que contam com meu respeito, como o Ricardo Kotscho, consideram a ideia uma grande bobagem. Fiquei surpresa quando li a opinião da Tania Zagury, autora de dois livros que eu adorei 'Limites sem trauma' e 'Sem padecer no Paraíso'. Para ela, a lei seria 'redundante, invasiva e inócua', mesmo com a ressalva de não aprovar a palmada. No texto, a autora chega a dizer que 'daqui a pouco, haverá filho ameaçando denunciar o pai, usando isso para coagí-lo a fazer o que quer. Já estamos em um momento de falta de limite. Realmente, isso me preocupa bastante".

Aí nesses casos eu acho que alguma coisas têm que ser colocadas. A primeira delas é que o tal projeto de lei é, de fato, uma mudança, um upgrade no Estatuto da Criança e do Adolescente, que tem o objetivo, sim, de aumentar a punição no caso de "castigos corporais ou de tratamento cruel ou degradante". Óbvio, que as advertências e punições deverão ser proporcionais à gravidade do castigo. Será que realmente alguém acha que teremos casos e mais casos de 'pobres pais' sendo enviados para a cadeia porque deram um puxão de orelha no filho? Agora, é justo em função desse medo eu ter que suportar meu vizinho batendo e maltratando o filho na minha frente todo dia (mesmo que seja só um tapa na orelha por dia, não mais que isso) e não poder fazer nada?

Essa discussão me lembra uma outra, quando virou lei o uso do cinto de segurança. Lembro que à época ouvi muita gente falando que era um absurdo, que o Estado não tinha o direito de obrigar ninguém a usar cinto, já que a pessoa teria o direito de colocar a sua própria vida em risco, que isso prejudicava apenas quem usava ou não cinto, que era uma lei intrusiva, blá, blá, blá. Bem, o fato é que eu não conheço ninguém que foi parar na cadeia porque não usou cinto de segurança e principalmente: a utilização do cinto de segurança pode ter diminuído até 50% o número de mortes no trânsito. Vale ou não vale a pena?

É a mesma coisa. Agora porque tem pai que não sabe dar limite para o filho, porque vai ser difícil aplicar, porque a lei pode ficar no papel, porque é trabalhoso, porque tem gente que pensa diferente, porque nunca vamos conseguir impedir totalmente que role os tapas educativos...a gente não pode evoluir? A gente não deve aprovar uma lei que visa tornar nossa sociedade um lugar mais seguro para as crianças? Ou aqui todo mundo acha que o mundo é cor de rosa e que papais e mamães são seres perfeitos, não perdem a cabeça, não precisam de controle, inclusive social?

O artigo 3o da Constituição Federal diz que entre os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil estão constituir uma sociedade livre, justa e solidária; erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; promover o bem de todos, sem preconceito de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Bem, convenhamos, nenhum desses objetivos foi alcançado até hoje e olha que já são 22 anos de promulgação da nossa atual carta magna. Vamos convir também que isso não foi alcançado porque é difícil. Quase impossível, diriam alguns. E aí? Vamos jogar a Constituição no lixo por causa disso? Culpá-la toda vez que um dos seus objetivos não for alcançado ou alguém tentar abusar do seu conteúdo? Pior, vamos dizer que Constituição não serve pra nada, já que não conseguiu alcançar todos os seus objetivos, e voltar para um Estado autoritário, de exceção?

Não acho que é por aí. As leis estão aí para fazer a sociedade avançar. E são apenas o primeiro passo. Agora, se não permitirmos que pelo menos esses passos sejam dados, nós vamos andar para onde? Para trás?

Pra terminar, um texto muito bacana que eu achei no site da ong Não bata, eduque.

terça-feira, julho 27, 2010

Onjó do Sapujo

Olha que bacana, o Sapujo, o grande pai da pequena Sara, abriu uma loja de instrumento de percussão virtual, a Onjó Angoma. Lá tem caixa, berimbau, cajón, bongô, agogô, caxixi e muitos outros instrumentos.

Eu que já brinquei muito de tocar pandeiro, que tenho uma saudade fudida da galera do pandeiro mineiro, achei a ideia o máximo.

Vale lembrar que muitos anos atrás, o Onjó do Sapujo era dividido com o Kenji. Epocazinha boa, lúdica, quando eu e Sheila éramos ilustres convidadas naquele apê aconchegante onde a gente se divertia as pampas.

Acho que todo mundo que eu conheço e que eu já conhecia naquela época, se divertiu ali. Aliás, os domingos felizes foram, de certa forma, projetados no apê da Rua Timbiras.

Dá um saudade danada. Acho que até hoje, se a vida fosse um pouco mais simples do que a realidade a faz, eu convidaria o Sapujo e a Sheila para comprar uma casa em Santa Luzia, para dividirmos as despesas e criarmos nossas crianças juntas, com pé na terra, calcinha suja de terra, muita música e capoeira.

Mas isso é só delírio, deixa eu voltar para o mundo real. :-)

segunda-feira, julho 26, 2010

"Fez porque é machista"

Entrevista imperdível com a promotora de Justiça Luiza Eluf

Achei esses trechos fantásticos:

"A lei permite que se prenda o sujeito que ameaça a vida da mulher. Mas os juízes não mandam prender."

"Para eles as mulheres que estão na fatia decaída da sociedade são lixo. Eles, que tanto as procuram, têm ódio e desprezo por elas. Vamos continuar dividindo a sociedade entre as mulheres honestas e as decaídas? Essa divisão prejudica todas as mulheres, tem de acabar. Como? Trazendo as prostitutas para o lado bom da sociedade. É preciso enfrentar e dignificar a prostituição, porque ela não vai acabar."

"O espaço público é perigoso para os homens, que são 90% das pessoas assassinadas na rua. Mas o espaço doméstico é perigosíssimo para a mulher. Ela é atacada em casa. É vítima do marido, do pai, do irmão, do padrasto. São os homens que vivem em volta dela que batem, espancam, estupram e matam."

O melhor de todos:

O Pimenta não sabia que não podia matar a Sandra Gomide? Ele fez isso porque passava fome quando era pequeno ou porque apanhou dos pais? Não, fez isso porque é machista.


Entrevista publicada pela Revista Isto É da semana passada.

quinta-feira, julho 22, 2010

Palavrinha Mágica

Por favor? Obrigada? Com sua licença? Não, OUVIDORIA.


Estava eu no Banco do Brasil tentando resolver alguns problemas de uma conta recém aberta. Alguns deles, segundo o rapazinho do atendimento, somente o gerente poderia resolver e o gerente tinha 'saído pro almoço'.

Eu perguntei: mas não tem ninguém que possa resolver isso no momento? Qualquer pessoa?

A resposta foi: 'Não, houve uns probleminhas, uma pessoa teve que sair para fazer compras, a outra foi almoçar... você não poderia voltar outro dia?'

Eu retruquei: 'Tudo bem, você tem o telefone da Ouvidoria do Banco do Brasil?

Depois de uns três segundos, seguidos de um longo suspiro, eu pude anotar em um papel o telefone da Ouvidoria.

(Detalhe: nesse momento eu nem achava que resolveria o problema. Apenas pensei em avisar a ouvidoria que os gerentes não estavam ficando na agência no horário de almoço para não perder a viagem, outra vez, quando tivesse que voltar)

Liguei do celular e uma voz metálica me pediu um número de protocolo. Novo embate com o rapazinho do atendimento:

- Estão me pedindo o número de um protocolo.

- Não, não, não tem número de protocolo nenhum.

- Veja bem, eles estão me pedindo 'o número de protocolo da central de atendimento BB'

Mais um longo suspiro se seguiu depois dessa frase. O número em questão estava estampado no crachá do rapaz. Este, inclusive, após o último diálogo, saiu em disparada para dentro do Banco.

Antes de acabar de digitar o número do meu CPF, conforme solicitação da voz metálica, ele voltou: 'Ludmila, consegui. Nós vamos resolver o seu problema'. E me convidou para ir ao segundo andar da agência.

Chegando lá, para minha (grata?) surpresa, não havia apenas um gerente para me atender. Mas TRÊS gerentes me atenderam. Aliás, nunca fui tão bem tratada em toda a minha vida dentro de um banco. Evidentemente, todas as pendências foram resolvidas e eu saí de lá inclusive com vários cartões e indicações de investimento.

Portanto amiguinhos, anotem a dica: atendimento ruim de banco? Ouvidoria neles!

quarta-feira, julho 21, 2010

O perigo da Americanas Express


É que tudo na loja fica pertinho. Aí é um tal de aproveitar oferta... Hoje eu estava lá e vi uma promoção de 6 copos a menos de dez reais. Quase comprei. Mas pensei, opa, peraí, eu ainda tenho que andar até a escolinha, passar no banco, voltar pro serviço, tudo carregando sacola mais 6 copos de vidro? Sem contar que. Por acaso eu preciso de mais 6 copos em casa?

É sempre um risco. ;-)

segunda-feira, julho 19, 2010

Quem manda aqui?

Eu gosto de ir à pediatra da Teresa, a ótima Valentina, porque em toda consulta ela me lembra que na nossa relação, minha com a Teresa, quem manda sou eu. E é assim que tem que ser, para o bem da filhota, já que ela precisa de orientação e firmeza para se sentir segura. Isso parece muito simples e muito óbvio, mas é difícil pra caráleo. Sabe por que? Porque os bebês são lindos. E além de lindos, nós, os pais, os amamos profundamente. Como resistir?

Sabe aquele tipo de cara, lindo, inteligente, que tem o poder de fazer o que quiser com você?
Você sabe que ele está te enrolando, você sabe que não vai sair nada dali, mas ele é tão bonito, tão inteligente e você gosta tanto dele... Aí você acorda no outro dia, o celular dá fora de serviço ou desligado e você pensa: filho da puta, me enrolou de novo!

É assim com os bebês. Eles fazem beicinho, dão aquelas risadinhas deliciosas que só os bebês sabem dar, choram lágrimas sentidas e chamam mamãe... Mas você não pode ceder, porque eles só querem engalobar você.
Tem que cortar a unha, tem que andar de mão dada, tem que escovar dente e lavar atrás da orelha. Parece fácil, galera, mas cada item é uma luta diária.

Isso tudo pra dizer que depois de uma boa conversa com a Valentina combinamos que eu vou desmamar a Teresa nos próximos 90 dias. Concluímos que os benefícios da amamentação já foram todos aproveitados, ela está com peso e tamanho ótimos e já com quase 18 meses de vida. Portanto, move on, é pra frente que se anda. O prazo alargado, de fato, é para mim, não para Teresa. Como disse a Valentina: 'quem manda no peitão é você. Então prepare-se, e no dia que estiver pronta, simplesmente corte a amamentação. Ela vai reclamar um pouquinho, não vai querer a mamadeira, mas quando a fome apertar, tudo estará resolvido'.

Por isso estou aqui, me preparando emocionalmente para mais esse passo. Para resistir ao beicinho, ao choro, ao meu bebê querendo mais de mim e eu negando. Negando por ela, para que ela cresça e se desenvolva ainda mais. É assim que funciona, eu a incentivando a crescer por um lado e ela apresentando os desafios e me botando pra frente também.

sexta-feira, julho 16, 2010

Susto do dia

Eu li mal ou o Ruy Castro falou na Folha de S. Paulo de hoje que o Bruno (sim, o goleiro) é um "ex-cidadão"? Colo o texto aqui, citando a fonte - a Folha de hoje - para averiguação dos leitores.



São Paulo, sexta-feira, 16 de julho de 2010

Caderno Opinião


RUY CASTRO

Ex-tudo



RIO DE JANEIRO - Em 1994, o ídolo do futebol americano O.J. Simpson foi acusado de matar a facadas, por ciúme, sua ex-mulher, Nicole, que ele já atacara fisicamente três vezes, e Ronald Goldman, que suspeitava ser amante dela.Simpson fugiu, foi perseguido pela polícia por 96 km, trancou-se durante horas em seu carro e só então se entregou, tudo isso em rede nacional de TV. Seu julgamento, transmitido ao vivo, foi outro carnaval -somente a sessão do veredicto, em 1995, foi assistida por 20 milhões de pessoas. O júri o absolveu.Onze anos depois, para faturar com a própria história, Simpson publicou um cínico pseudo-romance, "If I Did It" ("Se Eu Tivesse Matado"), em que conta como foi à casa de Nicole, matou Goldman com dezenas de facadas e aplicou outras tantas à sua ex-mulher que quase lhe separou a cabeça do corpo. Como nos EUA não se pode ser julgado duas vezes pelo mesmo crime, ele estava tranquilo para confessar.Era inevitável que, com essa onipotência, Simpson se metesse em novas encrencas, o que aconteceu em 2007: um assalto à mão armada a uma joalheria, em Las Vegas, para roubar besteiras. Só que, desta vez, o júri o mandou para a cadeia por nove anos. Deve ter sido um choque para O.J.: heróis de milhões, como ele, não podem ser condenados, nem ficam presos. Mas ele foi e ficou.O caso de Bruno tem óbvias semelhanças. Até hoje ele parece não ter se dado conta de sua situação. Seu alheamento ao que lhe acontece, visível nas fotos e declarações, antes e depois de ser preso, indica que ainda não percebeu que já não é apenas ex-goleiro do Flamengo. É ex-goleiro, ex-cidadão, ex-tudo. Acabaram-se suas imunidades.Não vê que, além de preso, já está condenado e a um passo do linchamento. E que o fato de ser tão famoso só lhe complicou a vida -fosse goleiro do Ibis, sua história já teria saído do noticiário. (grifos meus)





Cada dia que passa essa história fica mais absurda. Tem gente que tem o displante de culpar a vítima pela própria morte. O que é um absurdo. Agora, tentam tirar do réu seus direitos de cidadão e colocá-lo 'a um passo do linchamento'. O que é isso? O Ruy Castro, gente, dizendo que um réu já está condenado (por quem, cara pálida?). Na Folha. Onde foi parar o direito de defesa, onde foram parar os princípios da Justiça, da legalidade?



É assim que a gente se defende de uma injustiça, de um ato bárbaro? Instigando e provacando outro?


Pôxa Ruy, me explica porque eu fiquei sem entender essa...






terça-feira, julho 13, 2010

Cabelo

Estava eu ontem na cozinha de casa e ouvi as seguintes frases:

'É incrível como as mulheres se importam com os seus cabelos. Cabelos e sapatos, as extremidades'.

Bom, eu na verdade não ligo muito para sapatos. Mas cabelo? Ah, cabelo é diferente mesmo.

Tem coisa que diz mais sobre a personalidade de uma pessoa, e até sobre o momento que ela está vivendo, que o cabelo? A cor, o corte, o comprimento?

Alguém consegue imaginar alguma mocinha tímida e frágil com os cabelos vermelhos fogosos? Aliás, qual a cor do cabelo de mocinhas tímidas e frágeis? Louro, claro.

Eu, por exemplo, sou uma morena por necessidade e convicção. A única cor possivel para o meu cabelo, seja em função da minha pele, dos meus traços, da minha personalidade, é preto. Não tem alternativa.

Da mesma forma que conheço algumas ruivas que não poderiam ser nada além de ruivas, como a Lori e a Marcela. Tô mentindo, garotas?

Lembrei de uma coisa linda que vi num daqueles filmes iranianos muito tristes mas que todo mundo deveria assistir.

A mãe paupérrima traveste a filha de 10 anos de menino para que ela possa trabalhar e conseguir algum dinheiro ou elas morreriam de fome. Para tanto, corta as suas tranças. A menina fica desolada e 'planta' as trancinhas em um vaso. Em vários momentos do filme a menina rega as tranças para que elas continuem crescendo (sorry, mas não lembro o nome do filme).

Metáfora linda sobre resistência e sobre o que faz de nós sermos o que somos. Talvez seja isso, o nosso cabelo diz muito sobre quem somos. Isso inclusive serve para homens também, eles apenas não prestam muita atenção.


Adoro tranças

sábado, julho 10, 2010

sweet home


Pois bem. Abri as janelas, tirei a poeira, troquei alguns móveis de lugar.
As coisas agora, 16 meses depois, estão mudadas.
Arrastamos a mesinha de centro para dar espaço para o tapete colorido de E.V.A. e brinquedos.
Os porres e sessões de cinema diminuíram bastante. Os programas agora são diurnos.
Mesmo assim ainda tem muita diversão, muita coisa para dividir.
Por isso voltei. Uma tentativa tímida de manter contato com aqueles que sempre foram
a força motriz desse espaço: sonhos.