sexta-feira, junho 24, 2005

A Roda da Fortuna

Lembrei que uma cena hilária:
O Murilo meio bêbado falando comigo e com o Kenji, num churrasco:
- Vocês não estão vendo? Não estão vendo os fantasmas? Estamos todos aqui, todo mundo namorando...

Pausa 1: Isso já tem pelo menos 5 anos, mas realmente, 99% dos casais presentes a esse churrasco casaram, juntaram, ou continuam se enrolando mutuamente.

Voltando:
- Vocês não conseguem ver os fantasmas que rondam esse lugar?
Nós:
- Fantasmas?
- Os fantasmas dos nossos filhos! Vocês não enxergam que em alguns anos nós vamos nos casar, vamos procriar e os churrascos ficarão lotados de crianças correndo? Olha lá, olha os fantasminhas correndo em volta da mesa!
Aí a Ludmila abriu o bueiro e começou a chorar

Pausa 2: Sim pessoas, eu também choro. Nessa época da minha vida, então, se alguém fizesse Bú pra mim eu abria a boca e chorava dias.


Evidentemente, o Murilo ficou todo sem graça e dizia assim:
- Calma Lud, também não é assim, sem contar que isso ainda vai levar aaaaaanos para acontecer.

Pausa 3: É, demorou. Uns cinco anos mais ou menos.

E até hoje acho que uma pergunta que as três pessoas envolvidas nessa conversa se fazem é por que, raios, eu chorei tanto.
Acho que foi única e exclusivamente porque era verdade. Não que fosse uma verdade ruim, ou assustadora. Apenas tratava-se de uma verdade tão escancaradamente óbvia, que se tornava quase palpável, como fantasmas. O Murilo bêbado (vejam vocês..) criou uma imagem tão certeira que me tocou, e por isso eu chorei.

Lembrei-me disso tudo porque hoje, 24 de junho, dia de São João e do aniversário da minha mãe, nasceu a Carolina, filha da Ju e do Shuruda (Juliana e Gustavo). Outros nenéns nasceram depois dessa conversa, mas talvez a Carolina seja a concretização mais perfeita dos nossos fantasminhas, uma vez que sem Murilo e Cíntia, provavelmente não existiria Ju e Shuruda e conseqüentemente, nada de Carolina. Sem contar que estávamos, todos, nesse mesmo churrasco.

Isso me lembra que há 61 anos atrás nascia a minha mãe e que sem ela não existiria Lud, que proporcionou, para o bem ou para o mal, muitos encontros e desencontros.

Também me lembra que amanhã a minha irmã Luana, que está no alto dos seus 11 anos e acredita que já decifrou o mundo e agora resta apenas devorá-lo, vai estrear no teatro, primeiro passo de um tortuoso caminho para quem deseja ser atriz.

Isso tudo junto me leva a refletir sobre a grande roda que é o mundo (que não é redondo à toa) e o nosso papel em fazer as coisas acontecerem, mudarem, voltarem acontecer um pouco diferentes, cruzar caminhos e proporcionar, inclusive, o surgimento de novas criaturinhas que até outro dia não passavam de fantasmas.

Para que toda essa reflexão? Para nada. Ela surgiu, na verdade, do meu desejo profundo de dizer:
Parabéns mãe, pelo seu aniversário e por tudo que você já me proporcionou, o que é muito, diria tudo, se é que você me entende.
Parabéns Luba*, pela estréia e pela energia de quem ainda vai proporcionar muito, pra muita gente.
Parabéns Ju e Shuruda, por fazer a roda girar.
Parabéns Carolina, por não ser mais uma promessa e seja muito bem-vinda.

*esse é o apelido 'jovem' da minha irmã Luana.

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