segunda-feira, março 13, 2006

dia 20 - a véspera

Dia de viagem. Virei pra nossa amiga da limpeza e disse: não estarei em casa esse fim de semana. O que estiver na geladeira e for perder, joga fora, leva pra casa, mas não deixa aqui não. Cheguei em casa à noite e a geladeira nunca esteve tão limpa. Restaram as caixinhas de nuggets no congelador e um litro de leite recém aberto. Acho que a minha amiga tem intolerânia a lactose. O Almindo recomendou e comprei aquelas almofadinhas infláveis para o pescoço. Não é que o negócio funciona?

dia 21 - Primeiro dia de Bienal

Chegamos em sete horas. Mas Sampa é Sampa. Seis horas da matina a padaria, na esquina da casa da Clara, já estava aberta.
O caminho para o Anhembi foi tortuoso. Tudo errado. Mas a feira estava fantástica.
Um milhão de livros, pernas pra que te quero, empolgação absoluta. Percorremos apenas um terço da feira.
Assisti uma palestra sobre 'o papel da mídia para incentivar a leitura'. Péssima.
A conclusão nada surpreendente: se aquela é a mídia que incentiva a leitura, não está ajudando em nada.
À noite fomos, já exaustos, assistir um show da Jazz Sinfônica. Homenagem a Astor Piazzola. Não poderia ser melhor. De graça, no Memorial da América Latina, auditório maior e mais novo que o Palácio das Artes. A união entre orquestra e big band. Na última música o cara da percussão tocou um pandeiro honesto.
Totoro, você tinha que ver.
Uma outra figura lá (esqueci o nome do moço) tocou maravilhosamente o acordeom (ou acordeão, se preferir) e eu lembrei do meu avô. Meu avô que não tocava acordeom pra mim. Ele só fingia, e como eu era muito novinha, achava tudo lindo. E ganhava uma balinha após a apresentação.
Historinha de criança. Totoro, você tinha que ver. Sampa é Sampa.

dia 22 - O encontro

Levantei, fui pro banho esfregar bem as orelhas, tirar as remelas do olho, porque eu tinha um encontro.
Ia conhecer a Ivana Arruda Leite.
Entrei num cúbiculo lotado e além dela, estavam lá Luiz Ruffato, Marcelino Freire, Índigo e como ouvinte a Andréa Del Fuego.
Concordei e discordei de um monte de coisa e isso não teve a menor importância.
Estava ali pra ouvir, pra contar pros meus netos.
Lembrei do Wander Piroli. Lembrei das minhas tardes naquela salinha esprimida do Felicíssimo, quando ele ia nos visitar, ninguém ganhando nada com aquilo. Mas aquelas tardes valeram o que nenhum dinheiro nunca me pagou. Nem vai pagar.
E você tinha que ver, aquela gente inteligente, se expondo, se contorcendo. Escritor constrói a si próprio, cresce de dentro pra fora. Como disse o Marcelino, num dos seus atos dramáticos (ele é meio ator, sabe?) resumiu: "Dei! Dei e dou! Pimenta no cu dos outros é refresco". Ele não estava falando do processo criativo não, mas parecia.

Ao final, tirei meu livrinho de dentro da bolsa, super tímida, não queria incomodar pôxa, a gente não incomoda os expoentes do nosso olimpo particular, né? E pedi para a Ivana autografar. Acho que ela ficou feliz com o gesto e até me abraçou.
Saí do estande do SESC, que promoveu o encontro, e fui parar no da Cia. das Letras.
Lá um mulher enorme esbarrou em mim. Era a Malu Mader.
Quase falei: "Ih Malu, não adianta ficar encostando não. Ela abraçou a mim, feiosa, não você."

Comprei meus livrinhos, no saldo ficamos com:
Folhas das Folhas de Relva - Walt Whitman - Editora Brasiliense (prefácio do Paulo Leminski)
A Comédia dos Erros - Shakespeare - LePM
As 100 melhores histórias da Mitologia - Deuses, heróis, monstros e guerras da tradição greco-romana. - A. S. Franchini e Carmen Seganfredo - LePM
De lambjua ganhei do SESC:
Guia brasileiro de produção cultural 2004 - Edson Natale e Cristiane Olivieri - Zédolivro (sim, esse é o nome da Editora)
Pegamos o ônibus e eu encostei, na minha almofada inflável, uma cabeça renovada.

dia 23 - O reencontro

Primeiro com as gatas, que esse sim, conta.
Depois com a rotina. Evidentemente, relativizada pelas novidades que ainda rondam a mente e transparecem no rosto.
Por último, com a sua ausência. Você tinha que estar lá, tinha que ver. Mas não tem nada não, Totoro. Eu estava, eu vi e estou aqui pra te contar.

(Prometo todos os links amanhã, pode ser?)

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