quarta-feira, janeiro 24, 2007

Gattaca

Ontem tive um insight: deve existir uma explicação genética para a escolha de alguns indivíduos pelo socialismo.

Explico-me. Quanto mais eu leio, mais me convenço que o capitalismo é o sistema hegemônico no mundo exatamente porque ele é o que melhor se encaixa nas características gerais da humanidade.
Porque vejamos, enquanto o socialismo (aos liberais de plantão aviso de antemão que estou falando do socialismo ideal, e não das experiências vividas em alguns países como a Rússia, muito menos a China) almeja uma sociedade com valores mais fraternos, (igualdade, fraternidade, desprendimento, altruísmo), o capitalismo suporta bem valores, digamos, mais individualistas como a ambição, o poder, a violência, a vingança. E o fato é que para a maioria dos mortais isso está ok. Isso acontece, provavelmente, porque a sociedade é formada por pessoas ambiciosas, violentas, vingativas e com sede de poder em uma proporção que permite ao grupo em geral, aceitar essas situações e conceitos com naturalidade. Estou, evidentemente longe de dizer que todos os membros das sociedades capitalistas são ambiciosos, violentos, vingativos e têm sede de poder, teorizo, apenas, que o contato com essas características no cotidiano, nas relações subjetivas, permite que elas sejam aceitáveis no âmbito macro.

O que a genética tem com isso? Chegarei lá.

De acordo com esse raciocínio, o socialismo teria alguma chance de existência se a maioria dos integrantes de uma sociedade percebesse em sua volta, nas suas relações cotidianas uma tendência à adoção destes valores altruísticos já citados. Essa possibilidade, aqui entre nós, é bem remota.
Sendo assim, o que faria alguns indivíduos da nossa sociedade insistirem tanto na construção de uma sociedade igualitária? O que motiva esses seres a indignar-se e ruborizar diante das injustiças do mundo desde a fome, a subnutrição infantil, a guerra, a ditadura, até a destruição do ecossistema, a circuncisão feminina ou mesmo a extinção do rinoceronte branco de um chifre só? E principalmente, o que faz com que esse grupo de seres humanos acredite na tendência da sociedade em adotar seus valores?
Vamos às suas características, i. eles são minoria absoluta no mundo, ii. em algumas regiões do planeta, entretanto, é possível observar aglomerações destes indivíduos, iii. muitas vezes são vários membros em uma única família, iii. argumentos, pressões e até tortura habitualmente não conseguem dissuadi-los de seus pensamentos, o que pode demonstrar que se trata de uma coisa intrínseca ao ser, e não apenas racional iv. a idade também parece não influenciar na condição específica.

A reposta pode, perfeitamente, ser um gene. O gene da utopia social. Não há pesquisas que apontam para o gene da crença religiosa? Poderia até ser uma mutação, o gene da crença na sociedade. Podem surgir, inclusive, especulações sobre a origem do gene. Talvez Russeau, ou mesmo Marx. Não é má idéia para pesquisa. Fica a sugestão para os amigos biólogos.

(post inspirado no artigo "Sejamos Lógicos" do economista Antônio Delfim Netto, publicado no Valor Econômico de ontem - 23/01 e provavelmente pela falta do Chico Lobo que foi para a Alemanha e agora não tenho com quem dividir teorias esdrúxulas)


Eduardo Galeano é um espécime a ser estudado para comprovar, ou não, minha teoria

Nenhum comentário: