sexta-feira, julho 16, 2010

Susto do dia

Eu li mal ou o Ruy Castro falou na Folha de S. Paulo de hoje que o Bruno (sim, o goleiro) é um "ex-cidadão"? Colo o texto aqui, citando a fonte - a Folha de hoje - para averiguação dos leitores.



São Paulo, sexta-feira, 16 de julho de 2010

Caderno Opinião


RUY CASTRO

Ex-tudo



RIO DE JANEIRO - Em 1994, o ídolo do futebol americano O.J. Simpson foi acusado de matar a facadas, por ciúme, sua ex-mulher, Nicole, que ele já atacara fisicamente três vezes, e Ronald Goldman, que suspeitava ser amante dela.Simpson fugiu, foi perseguido pela polícia por 96 km, trancou-se durante horas em seu carro e só então se entregou, tudo isso em rede nacional de TV. Seu julgamento, transmitido ao vivo, foi outro carnaval -somente a sessão do veredicto, em 1995, foi assistida por 20 milhões de pessoas. O júri o absolveu.Onze anos depois, para faturar com a própria história, Simpson publicou um cínico pseudo-romance, "If I Did It" ("Se Eu Tivesse Matado"), em que conta como foi à casa de Nicole, matou Goldman com dezenas de facadas e aplicou outras tantas à sua ex-mulher que quase lhe separou a cabeça do corpo. Como nos EUA não se pode ser julgado duas vezes pelo mesmo crime, ele estava tranquilo para confessar.Era inevitável que, com essa onipotência, Simpson se metesse em novas encrencas, o que aconteceu em 2007: um assalto à mão armada a uma joalheria, em Las Vegas, para roubar besteiras. Só que, desta vez, o júri o mandou para a cadeia por nove anos. Deve ter sido um choque para O.J.: heróis de milhões, como ele, não podem ser condenados, nem ficam presos. Mas ele foi e ficou.O caso de Bruno tem óbvias semelhanças. Até hoje ele parece não ter se dado conta de sua situação. Seu alheamento ao que lhe acontece, visível nas fotos e declarações, antes e depois de ser preso, indica que ainda não percebeu que já não é apenas ex-goleiro do Flamengo. É ex-goleiro, ex-cidadão, ex-tudo. Acabaram-se suas imunidades.Não vê que, além de preso, já está condenado e a um passo do linchamento. E que o fato de ser tão famoso só lhe complicou a vida -fosse goleiro do Ibis, sua história já teria saído do noticiário. (grifos meus)





Cada dia que passa essa história fica mais absurda. Tem gente que tem o displante de culpar a vítima pela própria morte. O que é um absurdo. Agora, tentam tirar do réu seus direitos de cidadão e colocá-lo 'a um passo do linchamento'. O que é isso? O Ruy Castro, gente, dizendo que um réu já está condenado (por quem, cara pálida?). Na Folha. Onde foi parar o direito de defesa, onde foram parar os princípios da Justiça, da legalidade?



É assim que a gente se defende de uma injustiça, de um ato bárbaro? Instigando e provacando outro?


Pôxa Ruy, me explica porque eu fiquei sem entender essa...






3 comentários:

ormá disse...

acho que ele disse no sentido figurado.
mas,teoricamente, quando o sujeito é condenado, os direitos políticos dele ficam suspensos. ele não pode votar. portanto não é cidadão, juridicamente, em sentido estrito.
ele ainda não foi condenado, mas se for, não é de todo absurdo falar que ele é um ex-cidadão.
não é o termo mais correto, porque o direito a voto é apenas um dos direitos de cidadania lato sensu.
mas em sentido estrito é razoável.
ainda acho que ele falou em sentido figurado.
bjo!

Ludmila disse...

Bom, acho que a noção de cidadão é mais ampla. Até porque mesmo assassino, psicopata e etc, ele ainda tem seus direitos, incluindo à ampla defesa. O que me incomodou foi justamente essa coisa de, no 'sentido figurado', tentar retirar da pessoa (por pior que seja) seus direitos fundamentais. E isso de um cara esclarecido. Acaba incentivando atitudes injustas também, você não acha?

Ludmila disse...

Bom, acho que a noção de cidadão é mais ampla. Até porque mesmo assassino, psicopata e etc, ele ainda tem seus direitos, incluindo à ampla defesa. O que me incomodou foi justamente essa coisa de, no 'sentido figurado', tentar retirar da pessoa (por pior que seja) seus direitos fundamentais. E isso de um cara esclarecido. Acaba incentivando atitudes injustas também, você não acha?