segunda-feira, abril 23, 2007

Les Temps Qui Changent

Então mudamos. Apê novo na José Cândido da Silveira, Cidade Nova. Saímos da Zona Sul, mas esse é nosso!

Ainda está uma confusão completa. Não tem fogão, o banheiro da suíte precisa de uns reparos, estamos sem telefone fixo e sem tv também. Ontem tentamos assistir com uma antena interna bastante antiga e, claro, não rolou. Essas coisinhas todas, no entanto, devem ser resolvidas super rápido, tudo muito simples.

O mais incrível é que estou achando isso tudo ótimo. Adorei a idéia de arrumar a casa desde o início, do nosso jeito. Sem contar que é incrível descobrir a loja Lar & Construção. Você sabia que existe uma aparelhinho eletrônico anti-mofo? Sabia que existem mil opções de interfone e de temporizadores de luz, com e sem sensor de presença? Eu também não. Nem poderia cogitar um dia ter uma enxada. Agora tenho e a adoro. Algumas pessoas podem até considerar certo exagero, uma vez que o que existe de terra, ou seja, de espaço para capinar efetivamente, ultrapasse por muito pouco um vaso. Mas não faz mal, não ligo para convenções sociais e estou feliz com ela.

Outro prazer é ver as gatas e a natureza agindo. Elas estão malucas pulando de um lado para o outro, tentando se adaptar a nova realidade, disputando territórios e dominância. Resumindo, estão se divertindo às pampas.

Relaxei bastante com relação às pendências. Incrível, entramos no apartamento e eu saquei o óbvio: agora temos todo o tempo do mundo. Então, sem pressa, sem pressão, sem ranger de dentes, vamos colocando as coisas no lugar. E vai ficar tudo muito bacana, tenho certeza.

Aguardem inaugurações em breve.


olha que bárbaro o breguetinho que a gente comprou para a cozinha

segunda-feira, abril 16, 2007

O Diário do Homem-Urso

Ontem, depois de muita espera assisti esse documentário do Werner Herzog sobre um homem, bem doido, que passou 13 anos de sua vida passando os verões com ursos selvagens no Alasca. Eu estava doida para assistir por dois motivos. Primeiro porque era um documentário do Herzog e segundo porque tinha ouvido em algum lugar que o cineasta, que também é bem doidão, tinha colocado a imagem do cara sendo morto por um urso. Se o segundo motivo fosse o principal eu estava lascada porque não tem nada disso. Em compensação, a primeira razão foi totalmente contemplada. O Herzog teve a manha de perceber na história do tal Timothy Treadwell muito mais coisa que a tragédia em si.

Resumindo a ópera: o Timothy era um cara meio problemático, sem muito lugar no mundo que um dia foi para o Alasca e resolveu anualmente passar o verão com os ursos pardos e filmar a experiência com o intuito de divulgar a vida selvagem para preservá-la e, teoricamente, protegê-los dos caçadores ilegais. Quando não estava no meio dos ursos (no inverno enquanto seus amiguinhos dormiam), ele ministrava palestras gratuitas nas escolas e tentava divulgar seu trabalho na TV. Até teve um certo reconhecimento, foi no David Letterman, virou uma pseudo-celebridade. Um dia já estava quase indo embora de mais um verão entre os ursos e um deles, mais velho, provavelmente faminto, comeu o Timothy e a namorada dele que justamente naquele verão resolveu ir junto. Na grande maioria das vezes ele ia sozinho.

Como todos sabem acidentes acontecem. Aconteceu com o Ayrton Senna, aconteceu com o Steve Irwin (mesmo que o Irwin morreu depois do Timothy) mas no caso do tal Homem-Urso rolou uma polêmica porque muitas pessoas acharam que ele tinha ultrapassado a barreira do bom senso. Há registros dele tentando passar a mão nos 'ursos amigos', ele dizia que queria 'ser um urso', 'viver como um urso'. Sem contar que o cara não tinha formação nenhuma, não era biólogo, nem veterinário, e mesmo essa coisa de 'defensor' dos animais era um tanto questionável porque, na verdade, ele passava os verões em uma reserva ambiental onde os 'caçadores ilegais', seus inimigos mortais, quase não apareciam. Só aí já dava para fazer um documentário bem legal.

Mas a gente tem que contar com a genialidade do Herzog. Porque ele não se restringiu àquela discussão boçal de 'ele estava certo?', 'ele estava errado?'. Mas também não fugiu da polêmica. Várias questões são tratadas no documentário inclusive essa, mas não apenas. Um ótimo exemplo de enfoque inusitado é o da morte de um cineasta. Herzog, que narra o documentário em primeira pessoa, apaixona-se pelas imagens capturadas durante esses 13 anos pelo Timothy. Tem uma cena super bonita de uma mata ao vento que na verdade é um ‘vazio’ para Timothy uma vez que a ela só existe porque o pseudo-documentarista, como viajava sozinho, ajeitava a câmera no tripé, se posicionava, depois conferia na câmera se estava bem enquadrado para voltar finalmente ao mesmo lugar e dizer seu texto. Nessa cena do 'vazio' a voz em off de Herzog diz que muito da beleza que Timothy captava ele mesmo não se dava conta. E era mesmo.

O mais bonito de tudo do documentário, no entanto, que eu inclusive deixei propositalmente para o final, foi a bem sucedida tentativa de Herzog de entender a natureza daquele homem, não a luta entre homem e natureza. A grande, brilhante, genial sacada do Herzog foi retirar das imagens, dos depoimentos, dos monólogos meio alucinados de um sujeito que estava sozinho no mato há quatro meses, a sua humanidade. Porque a conclusão óbvia seria: a natureza venceu o homem. E venceu mesmo, venceu principalmente a sua idealização, o seu desejo de ter na natureza um berço, um afago. A natureza não tem dó de ninguém. Ok, é isso mesmo. Porém – e é o olhar sensível do Herzog que mostra que há sim um porém – foi através dessa experiência, que aquele ser encontrou a sua humanidade. Na tentativa de se transformar em urso ele viveu intensamente a experiência de ser um homem. Tanto que durante as expedições Timothy Treadwell tem momentos de absoluta euforia (quando está com ursos ou raposas), emoção profunda (chora ao se despedir dos animais), de fúria (com quem eles estão pensando que estão falando, eu sou um guerreiro, eu conheço como ninguém esses ursos e essas terras e sou o protetor deles), de vaidade (ele está no meio do mato, sozinho, e pergunta para si mesmo, várias vezes, se o cabelo está arrumado, se deve usar a bandana verde ou a preta, qual é a mais sexy), de paranóia, de narcisismo, de bondade. É essa condição humana que Herzog consegue obter da tragédia e que é brilhante. Muitos críticos do homem-urso diziam que Timothy Treadwell era um idiota, que a sua relação com os ursos era muito mais desrespeitosa que bonita. Herzog mostrou, sem desmenti-los, que o ser humano é muito mais complexo para se deixar restringir apenas pelas atitudes lógicas e de bom senso e, principalmente, provou mais uma vez, para o meu deleite, que é um puta cineasta.


o doidão com seus ursinhos

sexta-feira, abril 13, 2007

Big Brother Brasil

O verdadeiro Big Brother Brasil é a camerazinha do elevador. Eu, por exemplo, só sei pensar falando e só sei falar gesticulando. Então, além de falar sozinha eu gesticulo sozinha, ando, bato palma, faço caras e bocas. Qual minha surpresa quando, ontem, saindo do serviço no elevador sozinha, chego ao térreo e encontro duas colegas de serviço dependuradas no balcão do porteiro, o cúmplice, morrendo de rir. Os três me espionavam pela câmera do elevador. E o pior é que não foi a primeira vez que me acontece.

Há cerca de uns quatro anos atrás trabalhei para uma Associação que ficava num prédio alto na rua da Bahia, pertinho da praça Afonso Arinos, com elevador e uma discreta camerazinha. Todos os porteiros me olhavam ironicamente, meio que rindo. Ainda por cima eu só lembrava da tal da câmera no meio do meu raciocínio, com a boca aberta, mãos levantadas acima da cabeça, como se proclamasse um trecho de Hamlet. Quando eu encontrava aquele olhinho preto rindo de mim, baixava o braço e tentava fingir alguma normalidade. Por uns quatro meses eu devo ter sido a diversão da portaria. Agora, instalaram essas maravilhas nos elevadores do meu atual serviço.

Eu fico imaginando se dois elevadores já garantem horas de diversão, imagina aquelas câmeras que ficam no Centro da cidade. Imagina o que tem de estagiário da Polícia morrendo de rir do povo falando sozinho, caindo, escorregando, tropeçando e xingando a pedra. Verdadeiros Boninhos que são pagos para ficar o dia inteiro assistindo video-cassetadas. Nem precisa de televisão em casa.

quarta-feira, abril 11, 2007

Filhos de Javé

Ontem eu fui pra análise puta. Trabalho, mudança, banheiro, espelho, registro em cartório, IPTU, ex-proprietário, reforma, o escambau. Falei, falei e decidi ir tocar tambor.

Foi a melhor coisa que eu fiz. Porque no tambor você desopila física e mentalmente. Une música, cultura, exercício e controle motor. Porque além de carregar um tamborzão, tem que aprender a bater no ritmo, de preferência direitinho, cantar e ainda dançar, nem que seja um passo pra frente e outro pra trás. Parece fácil, mas não é não.

E tem o Tizumba que é um fenômeno a parte. O cara ensina, dança, improvisa, você olha e fala meu, esse cara tem muito talento. O ensaio já vem com um show embutido. Além dessa proximidade com a raiz africana que é muito importante para mim. Num determinado momento o Tizumba dançou com as gungas (latinhas com sementes e chumbinho dentro) no tornozelo e me lembrei das procissões de Congado que assistia no Barreiro e que eu achava tão bonito.

A Zélia, filha do rei do Congado do Barreiro cuidava de mim quando criança e eu adorava ir até a casa dela porque além de gatinhos, tinha um quarto onde as roupas do Congado ficavam e as cores eram maravilhosas. A casa era super simples, os pilares eram feitos de lata de óleo Salada cheias de cimento. Então a entrada da casa era toda amarela, eu achava lindo. A Zélia também tinha um irmão, o Márcio que trabalhava na oficina do meu primo. Na procissão ele saía com uma roupa branca toda enfeitada e dançava com as gungas. Provavelmente um dia iria substituir o pai como rei do Congado e por isso tinha um porte meio de príncipe. Eles todos eram meio mágicos para mim, como se tratasse de alguma monarquia perdida da uma tribo africana longínqua, tipo o Nelson Mandela, sabe?

Então o tambor do Tizumba é uma espécie de reencontro com a minha infância e com as minhas raízes negras e sertanejas. E eu acho isso lindo, muito melhor que ficar brigando com gente chata, sisuda e pão-dura que insiste em me rodear e que na verdade eu quero bem longe de mim. Olorum, xô miséria!

quinta-feira, abril 05, 2007

Admirável mundo novo

Então, meu computador do serviço morreu e, como já estava mais ou menos planejado, ganhei um laptop para trabalhar. Por enquanto ele funciona como um computador normal, ou seja, nunca saiu da minha mesa. Mas vai ser bom para viagens e tal. Bem, ele tem várias vantagens. Entre as mais legais está justamente o fato de ter memória. Meu computador antigo, pasmem, tinha 256 de não sei o quê de memória. No fundo eu não tenho muita noção do que isso significa, mas eu sei que, antigamente, se eu digitasse inconstitucionalissimamente muito rápido meu computador travava.

E como ele tem memória, acho que isso animou o meu amigo Jefferson, o moço da manutenção dos computadores, a colocar uns programinhas diferentes nele. Qual é a minha surpresa quando, no segundo dia de trabalho no computer novo, abre uma janelinha no canto inferior direito do monitor com uma notícia sobre um jogo de futebol do Figueirense. Para mim, que vivo fuçando em portal de informação para ler jornal, fez pouca diferença, mas achei interessante.

Acontece que hoje eu descobri uma coisa mais legal ainda sobre esse programinha. Ele guarda os sites que eu vou com mais freqüência e manda atualizações deles! Quer dizer, na verdade, ele só fez isso com blogs, mas já é bem interessante! Foi muito bacana quando hoje eu recebi um bilhetinho do meu computador contando que o Kenji tinha escrito alguma coisa no Talk is Cheap! (link ao lado)

Mas por que ele teria essa preferência pelos blogs? A minha suspeita é que se trate de uma ferramenta de quem? Claro, do Google e como o blogspot também é do Google, as coisas se encaixariam. E por que eu suspeito que seja uma ferramenta do Google? Porque agora tem um ícone mínimo do lado do relógio do computador que chama Google Desktop.

Se eu fosse nerde eu caçava esse tal de Google Desktop e descobriria quais são as demais possibilidades dele, que devem ser muitas. Acontece que eu não sou nerde e tenho até um pouco de preguicinha dessas coisas. Mas do recadinho eu gostei. Valeu tio Larry!


Ok, ok, eu dei uma de nerde e fui procurar saber. Bom, parece que a idéia é ter um ‘buscador interno’ que ache documentos do office, tipo do word, excel e tal. Eu não entendi para que, já que o próprio computador já tem isso, mas tudo bem. Dizem até que essas duas lombrigas coloridas aí são uma alusão à janela-logo do Windows. As cores são realmente as mesmas, mas será??