sexta-feira, janeiro 09, 2004

A Clockwork Orange

SONETO CÉTICO [2.79]

Não creia em tudo aquilo que está lendo.
Duvide até da própria assinatura.
Não cante sem reler a partitura.
Recuse poesia com remendo.

Se um cego diz ser seu calvário horrendo,
coloque mais pimenta, que ele atura.
Se ser um masoquista é o que ele jura,
no máximo masturba-se escrevendo.

Cantando espalharei por toda parte,
mas sei que poucos vão acreditar
que sou Átila, Nero ou Bonaparte.

Vá lá, não sou guru nem superstar.
Na dúvida, porém, nunca descarte
que onde há fumaça o fogo pode estar.

Glauco Mattoso, na veia.




Nenhum comentário: