Preguiça de esperar
Fui pra frente da TV domingo à noite contando com a sessão Cult Movie do Telecine Cult.
Não rolou, ia passar um filme de terror de 1972. Cult demais pro meu gosto.
Aí eu comecei a zapear e cheguei ao Canal Futura onde a Leandra Leal (a atriz de 'O homem que copiava', sabe?) apresentava o filme, que segundo o texto que ela lia no teleprompter era excelente, Eterna Espera. Na verdade, Le Vent de la Nuit, do cineasta francês Phillippe Garrel.
O argumento me pareceu realmente interessante. Um dos personagens, inspirado no próprio diretor, é um homem sofrido que conta as mazelas (leia-se torturas) vividas
pelos jovens politizados da geração de 68, para um cara mais novo.
O filme tinha tudo para ser ótimo, inclusive, a Catherine Deneuve, que eu adoro.
Começa. 4 minutos de Catherine Deneuve subindo escada, abrindo porta, limpando a casa, arrumando a cama.
Eu me pergunto: por que cargas d'água todo filme francês começa com uma sequência de trivialidades? E por que em todas essas sequências sempre tem uma imagem fixa, o ator passa pela imagem fixa e ela fica lá, fixa, por mais pelo menos 30 segundos?
Bom, nesse momento, chega o namorado/amante da Catherine Deneuve. trata-se de um jovem rapaz e a Catherine Deneuve faz aquela cara de sou uma mulher mais velha insegura.
Nas três primeiras frases da conversa a sra. Deneuve me solta: Você quer sexo?
Na sequência, eles já estão deitadinhos na cama, ou seja, o sexo já rolou, e a dona insiste naquelas perguntinhas desnecessárias:
Você gosta de mim?
Você quer ter filhos? Eu não posso ter filhos, sabia?
Você quer terminar comigo?
O moço, na maioria das vezes, dá uma resposta até razoável: Você está doida?
Eu me pergunto outra vez: por que, por favor, alguém me explique, por que todo filme francês tem um casal que fica trancado no quarto discutindo?
Tem mais: por que os cineastas franceses adoram utilizar o relacionamento homem/mulher de metáfora sobre qualquer coisa que eles queiram falar?
Depois de mais alguns diálogos xaropes eu cansei de esperar o Eterna Espera começar efetivamente e voltei a zapear.
Parei no Universal Channel que passava Os esquecidos (The Forgotten, EUA, 2004), com a Julianne Moore.
O oposto absoluto. Nunca vi um argumento mais estúpido, acontece que pelo menos era engraçado. E tinha ação.
Os diálogos também não faziam o menor sentido, porém não tinha nenhuma metáfora envolvida. A idéia é que era absurda mesmo!
Tudo bem, eu me rendi, no domingo à noite, ao cinemão entretenimento não-pense-muito-para-não-doer.
Provavelmente, em algum momento, o filme do Phillippe Garrel realmente ficou muito bom, profundo e discutiu questões importantes para a juventude despolitizada dos anos 2000.
Mas, sinceramente, formatão por formatão, às vezes eu prefiro os filmes despretensiosos.
Os esquecidos, filme onde a Julianne Moore é uma mãe que procura por um filho que supostamente não existe
Um comentário:
rsrs é por isso que eu gosto tanto do batman!
bjs
Postar um comentário