terça-feira, fevereiro 28, 2006

Dia 9 - Vale quanto pesa

Totoro,

Ontem fomos assistir ao filme Capote. Não é exatamente um cine-biografia. Ou é, só que daquelas espertinhas.
O roteiro foca apenas quatro anos da vida do escritor Truman Capote e não se preocupa em dar muitas explicações além deles, por exemplo, não há flash backs.
Mas fica evidente que a essência do moço está lá. E os quatro anos em questão foram realmente muito bem escolhidos.
É o período em que ele realiza 'a pesquisa' para escrever "A sangue frio" seu livro mais importante, talvez o primeiro livro-reportagem da história (ou jornalismo literário, se você preferir).
A direção é correta e uma coisa muito legal, o roteiro não faz concessões e é absolutamente enxuto. Ah, não entendeu não? Vai pesquisar na Internet, nos livros, mas me poupe, eu estou aqui para contar uma história.
E essa história, não apenas do Capote, mas da construção da sua obra, é realmente muito boa. Até porque levanta uma bola interessante: até onde um escritor/jornalista deve ou pode ir para conseguir a sua obra prima?
Capote foi longe, tão longe que praticamente não voltou depois. Apagou-se.
Além de enxuto, o filme ainda tem um pilar claro: a atuação.
Se o Philip Seymour Hoffman finalmente ganhou o papel que ele merecia desde, sei lá, Happiness, Magnólia, ou Boogie Nights, os demais atores também não deixam nada a desejar.
Destaque absoluto para Clifton Collins Jr., o assassino que conta sua história a Capote.
Filme elegante, inteligente e que utiliza o potencial de seus atores ao máximo. Resumindo, valeu cada centavinho do ingresso.

Depois fomos pro Café com Letras jogar conversa fora.


Truman Capote

segunda-feira, fevereiro 27, 2006

Dia 8 - O Buraco

Pois então Totoro, hoje foi o dia de buraco. Entre amigos é sempre bom e rolou muita risada.

Lembrei daquele texto antigo, sobre o amor e o jogo de buraco, lembra?

Pois é, resgatei-o e coloco aqui, para posteridade. Inclusive com uma bela ressalva, a amiga citada na micro-crônica ainda está lá, jogando com o mesmo parceiro.
Pelo menos no outro jogo, porque buraco, hoje, eles não quiseram jogar.


O AMOR E O BURACO

Conversando com uma amiga cheguei a conclusão que existe uma estreita ligação entre o relacionamento amoroso e o jogo de buraco. Em primeiro lugar, todo mundo conhece os dois. Quem não conhece, que não leia, vai comer feijão e arrumar mulher, ou homem. Não tenho paciência para aqueles que abdicam dos prazeres da vida. Ambos são jogos, mas um se joga com o baralho e o outro... Bem... Com um material bem menos convencional.

O problema da minha amiga era simples. Deveria baixar a guarda e acreditar nas palavras do pretendente? Deveria confiar? Eu, que sempre gostei de um buraquinho entre amigos e sou conhecida pela minha fé na humanidade, não pensei duas vezes. Argumentei que durante a partida a gente precisa de vez em quando abrir o jogo, mostrar as trincas, ou como ela se transformarão em canastras? Como pegar o morto sem descer todas as cartas? Impossível! Concluí que, para não atravancar o jogo, é necessário entregar um pouquinho para o adversário. No caso do relacionamento, inclusive, essas entregadinhas até que não são ruins... Bem, espero que a minha amiga tenha se entendido com o rapaz e esteja feliz. Quanto a mim, continuei com as elucubrações sobre os jogos distintos e cheguei, juntamente com meu parceiro preferido em ambos, a mais algumas conclusões!

Pegar o morto e fazer uma real:
Dar uma chance para aquele carinha que vivia cantando você, sem gracinha de tudo tadinho e descobrir que ali estava o namorado gentil e tarado que você e a Rita Lee viviam pedindo ao papai do céu.

Pegar o lixo só para ter descarte:
Ficar com aquele boyzinho infeliz só para não voltar para casa no zero a zero.

Segurar a real do adversário na mão:
Dar uma de difícil.

Evitar fazer alguns pontos só para o jogo não terminar na próxima rodada:
Iiihhhh, você está apaixonada.

Algumas frases que podem ser usadas entre parceiros. No amor ou no buraco:

- Por que você não abre o jogo?
- Como eu ia saber, se você estava escondendo?
- Aí não! Põe em outro lugar que é melhor...
- Você descartou uma coisa que era importante para mim.
- Outra vez? Mas eu estou cansada... Então tá, só mais uma partidinha e depois a gente vai dormir.

domingo, fevereiro 26, 2006

Dia 7 - Porque tudo na vida tem uma primeira vez

Totoro,

Fomos eu e Naoto para o hits da Up! Jogamos 3 partidas de sinuca equilibradíssimas e numa delas eu encaçapei quatro bolas se-gui-das. Foi a glória.
dançamos horrores de depache mode a 'tô ficando atoladinha', passando por Placebo, Morcheeba e Abba. Eu, Naoto e noventa e nove vírgula... sete? por cento dos gays simpáticos de Belo Horizonte.
P.S. bunitinho: tocava Spice Girls e eu gritava: Gente, isso é uma gaita! É uma gaita!!

sábado, fevereiro 25, 2006

Dia 6 - Bateu II - A missão

ressaca {verbete}*

Datação
1554 cf. NautTM

Acepções

Houaiss: Regionalismo: Brasil. Uso: informal. mal-estar causado pela ingestão de bebidas alcoólicas. Regionalismo: Brasil. Uso: informal. mal-estar produzido por uma noite passada em claro.
Ludmila: tudo aquilo que sobra quando a parte boa de ingerir bebidas alcoólicas vai embora. Dor de cabeça incapacitante. Fim de festa.

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Dia 5 - A véspera da véspera

Totoro,

Nessa terra quente, a proximidade do carnaval começa a se fazer presente.
Amanhã, creio eu, ninguém vai querer nada com nada.
HOje o Max ligou e avisou que tem um povo bom na área. Ivan, Adriana e ele devem ficar por aqui.
Carolzinha também chegou hoje. Vamos ver se eu aprendi alguma coisa com a visita da Maya.

Cortei meu cabelo e ficou fresquinho. Fui ao salão que a minha mãe frequenta.
As frescuras são meio estranhas, mas o papo do cabelereiro é ótimo.
Ele me contou tudo sobre o ex. Contou as baixarias nas boates que o namorado aprontava, as chantagens que ele fazia pra conseguir dinheiro, contou que ele foi trocado por um argentino velho e metido a ricaço, que uma vez esse
mesmo ex-namorado quebrou o apartamento dele todo por causa de ciúme. Discorreu sobre todos os detalhes sórdidos do relacionamento e suspirou de saudade.
Disse que nunca teve um namoro tão bom.

O ser humano é um bichinho danado, ou não é?

quarta-feira, fevereiro 22, 2006


Dia 4 - o ó do ócio


Aí você fica com mais tempo, e o que vai fazer com ele?
O óbvio, nada que preste.
Até televisão aberta eu assisti ontem.
Peguei um pedaço de O Observatório da Imprensa, aquele programa da TV Cultura com o Alberto Dines, aliás, tadinho,
cada vez mais parecido com o Tutan Kamon, depois de mumificado.
Nesse programa fiquei sabendo que as escolas de samba do Rio estão vendendo os seus sambas enredos.
Quer dizer, vendendo não, veja bem, estão angariando patrocinadores para os mesmos, uma coisa completamente diferente.
Nessa brincadeira a 'Vila Isabel' desclassificou o samba enredo composto pelo Martinho...*da Vila* porque não estava de acordo
com os interesses do patrocinador.
Tem cabimento? Imagina só, daqui alguns anos, os sambas enredos:
Portela: 'Mais que o possível' - patrocinador Banco Real
Beija Flor: 'Amo muito tudo isso' - Mac Donald's
Vem aí, patrociada pelas Casas Bahia, a Mangueira, com o samba-enredo: "Quer pagar quanto?"
Olha que eu já achava um saco aqueles sambas invariavelmente sobre o período colonial brasileiro, pretexto básico para colocar índia pelada, homem com roupa dourada e peruca branca, ou então, vestido de bandeirante. Façam-me o favor...

Antes disso eu ainda tentei assistir Big Brother, mas não dei conta. O que é aquilo? Um senhor já, carequinha, de barriga, carregando uma vassoura e uma pá de lixo pra baixo e pra cima, um povo com pinta de 'profissional do sexo' dentro de uma banheira de hidromassagem, o que significa aquilo?
Juro, parece cenário de filme pornô. Assustador.
Eu vou é tocar pandeiro.

terça-feira, fevereiro 21, 2006

Dia 3 - Bateu


ressaca
{verbete}*

Datação
1554 cf. NautTM

Acepções
substantivo feminino
1 forte movimento das ondas sobre si mesmas, resultante de mar muito agitado, quando se chocam contra obstáculos no litoral
1.1 a vaga que se forma nesse movimento

Etimologia
esp. resaca 'retrocesso das ondas', este das f. do esp. saca e resaca (1492), que se aplicavam ao fluxo e refluxo do mar, quando este lança e torna a sugar os objetos que estão junto à orla; ver sac-; f.hist. 1554 resaca, 1640 ressaca, 1727 reçafa

Não sei porque todo mundo odeia segunda-feira, eu odeio a terça. Dia sem graça, sem charme. O que é a terça-feira? A véspera da quarta, no máximo.

*Fonte: Houaiss

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Dia 2 - Eles estão entre nós

Totoro,

Sabe que voltar a andar, tanto a pé como de ônibus, tem suas vantagens? Posso fazer uma coisa que adoro: olhar os outros.
Presto atenção em tudo: na dona que está quase dormindo, quase dormindo e perde o equilíbrio, coitada. O cahorro de rua que atravessa a Raja na faixa de pedestre. Até na mensagem de celular que o rapaz que está sentado na minha frente:
"A gente não pode ver, mas sabemos que eles existem". Os espíritos? O establishment? Os políticos honestos?
Não sei, só sei que reparei.

Claro que é animação inicial. Provavelmente em três ou quatro dias vou achar essa história de ônibus um saco.

Mas o i-pobre ajuda pra caraaambaaa. Acordei hoje, segundona, primeirona sozinha, tomei café, encontrei a Roze e fui subir o morro. Coloquei o fone no ouvido e foi só ouvir os dois primeiros versos: You and me we're meant to be / Walking free in harmony...
Morcheeba mudou meu astral. Aliás pra você, Totoro, porque eu adoro essa música e cá entre nós, tem tudo a ver.

Rome Wasn't Built In A Day.

Morcheeba

You and me we're meant to be
Walking free in harmony
One fine day we' ll fly away
Don? t you know that rome wasn' t built in a day

In this day and age it's so easy to stress
'cause people are strange and you can never second guess
In order to love child we got to be strong
I'm caught in the crossfire why can't we get along

'cause you and me we're meant to be
Walking free in harmony
One fine day we' ll fly away
Don' t you know that rome wasn' t built in a day

I'm having a daydream, we're getting somewhere
I'm kissing your lips and running fingers through your hair
I'm as nervous as you 'bout making it right
Though we know we were wrong, we can' t give up the fight
Oh no

'cause you and me we're meant to be
Walking free in harmony
One fine day we' ll run away
Don' t you know that rome wasn' t built in a day

You and me we're meant to be
Walking free in harmony
One fine day we' ll fly away
Don' t you know that rome wasn' t built in a day

You and me (you and me) we're meant to be (meant to be)
Walking free (walking free) in harmony (in harmony)
One fine day (one fine day) we' ll ran away (we gonna ran away, we gonna ran away)
Don' t you know that rome wasn' t built in a day

You and me (you and me) we're meant to be (meant to be)
Walking free (walking free) in harmony (in harmony)
One fine day (one fine day) we' ll fly away (we gonna ran away, we gonna ran away)
Don' t you know that rome wasn' t built in a day


domingo, fevereiro 19, 2006

Diário de Bordo


Totoro,

Eu sei que meios de comunicação não vão faltar, mas também não custa inventar. Muito inspirada nos 73 bichos da Índigo,
vou tentar fazer aqui, nesse discreto blog, os 42 dias de viagem ao contrário: a história de quem ficou.

Dia 1 - Nós estamos na moda

Só saí de casa para ir à Boníssima e descobrir que comprar legumes numa padaria chique não é a pior das idéias. Comprei um alface hidropônico, quatro tomates e uma bandeijinha de quiabo. Já tenho janta pra semama por menos de R$ 5,00.
Aí fui assistir TV e me pego acompanhando as Olimpíadas de Inverno no SporTV. E descobri que nós estamos na moda.
Sabe aqueles casais com uniformes barangos que dançam no gelo? Pois então, por uma definição dos organizadores, na categoria 'dança original' eles tinham que se apresentar ao som dos ritmos latinos: bolero, samba, rumba e o escambal (que, estranhamente, não se enquadra em ritmo latino) Um casal da Europa Oriental dançou 'Manhã de Carnaval' e foi até bonito.
Mas o melhor das apresentações foi da dupla japonesa que dançou "Mamãe eu quero". Juro.
Mamãe eu quero,
Mamãe eu quero mamar
Me dá chupeta, me dá chupeta
Pro beber não chorar.

No meio de piruetas, plumas, aquele gelo todo e, é claro, muita gente branca sem entender nada.

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

A Lei do Desejo

Motiva-me observar um movimento a favor (do que quer que seja), um movimento de abertura, de tolerância, de esperança, de coragem. Motiva-me a ponto de voltar a escrever aqui. :)