terça-feira, novembro 23, 2004

A Identidade Bourne

Eu acho muito engraçado quando percebo uma imagem minha formulada pelo outro. Na maioria das vezes não é uma imagem falsa, porém é diferente da que eu mantenho de mim mesma. Por esses dias, isso aconteceu em duas situações.

Na primeira, descobri que, dentro de um determinado universo, eu sou a Ludmila do MST. Explico-me: em função de uma situação, entrei em uma comunidade do ORKUT denominada Anti-MST. Minha intenção ao trocar idéias naquele espaço, não era exatamente defender esse ou aquele movimento, mas no fundo, apresentar a possibilidade àquelas pessoas de manter um diálogo civilizado e racional com outras pessoas que pensam diferente delas.

Aliás, acredito eu, atualmente essa tem sido uma das minhas principais bandeiras: a tolerância. As pessoas podem discordar sem se ofender ou abrir mão de preceitos éticos, morais, sociais e de boa convivência.

Voltando ao ponto. Depois de mais de um mês do ocorrido, algumas pessoas comentaram comigo sobre o fato, como se ele, de certa forma, definisse a minha identidade ideológica.

Isso é muito interessante porque, na verdade, eu não tenho nenhuma relação com o MST, minha simpatia pelo movimento é cercada de reticências, mas o fato é que expondo meus pontos de vista acabei recebendo uma nova identidade. Longe de mim rejeitá-la, confesso que a recebi com estranheza mas também com um certo orgulho.

O segundo caso é que, para minha surpresa, algumas pessoas me consideram uma apreciadora de cachaça. Não é que eu não goste realmente, acontece que agora sou tratada (muito bem, diga-se de passagem), como uma exímia conhecedora da marvada.

Fui agraciada com duas garrafas esse sábado. Uma diretamente de Florianópolis, presente de um verdadeiro apreciador da bebida. A outra ganhei do Fred, da fazenda do pai dele, ou seja, fabricação própria. Outro interessante detalhe desse fenômeno é que agora, quando me convidam para uma festa, alguém sempre comenta: "olha, vai ter uma cachacinha , da terra do meu avô (ou algo que o valha), você não pode perder, aparece por lá".

Se eu gosto de cachaça? Gosto sim. Se eu entendo? Sinceramente, muito pouco. Por que as pessoas acham que eu entendo do assunto? Não tenho a menor idéia. Tudo bem que eu tenho casos engraçados que envolvem cachaça. Tudo bem que eu já cheguei na Letras & Expressões e a garçonete perguntou: E você Ludmila, o de sempre? E o de sempre era uma dose de Lua Cheia. Isso não significa, entretanto, que eu saiba diferenciar cachaças além de: essa eu gostei e essa eu não gostei. Na verdade, eu entendo é de beber, só isso, e ficava até meio receosa de ficar com fama de bebum, desregrada, e tal. Quem diria que beber cachaça hoje em dia é cult...

Aproveito a oportunidade e aviso aos navegantes que, nesse segundo caso, eu faço fama e deito na cama. Não rejeito, pelo contrário, agradeço todas as garrafas e doses que ganhei e prometo continuar me esforçando para merecer um dia o respeito dos amigos e apreciadores que me presentearam.





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